Os economistas estão revisando suas expectativas para as taxas de juros no Brasil, prevendo uma redução menor do que o inicialmente previsto, devido à pressão crescente da inflação. As projeções indicam uma Selic de 9% ao final deste ano e de 8,5% em 2025, o que, segundo os analistas, pode não ser suficiente para fazer com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) convirja para o centro da meta, que é de 3%.
A divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) pelo Banco Central foi um ponto de inflexão nessa análise. As projeções do BC indicaram uma inflação de 3,5% para este ano, caindo para 3,2% em 2025 e mantendo-se estável em 2026. Esses números sugerem que as taxas de juros propostas pelo mercado não são suficientes para trazer o IPCA de volta ao seu alvo.
A percepção entre os economistas é que a taxa Selic precisa ser ainda mais alta do que a prevista para conter a inflação. Isso levou a uma revisão das expectativas de mercado, com muitos analistas agora considerando que uma Selic de 9% ou 8,5% pode não ser o suficiente.
Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, argumenta que a Selic terminal provavelmente não será de 8,5%, como sugerido pelas projeções atuais. Ele prevê uma taxa de 9,25% ao final do ciclo de cortes.
Outros economistas também expressam preocupação com a possibilidade de o Banco Central ser pressionado a interromper o ciclo de cortes de juros, especialmente diante da incerteza sobre quem será o próximo presidente da instituição.
Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management, acredita que a mediana das projeções para a Selic no Focus pode não mudar significativamente no momento. Ela enfatiza a importância dos dados futuros da inflação subjacente e de outros indicadores econômicos para determinar a trajetória das taxas de juros.
No entanto, ela alerta que o risco de as taxas de juros serem mantidas em níveis mais altos é real, especialmente diante de dados mais fortes do mercado de trabalho e de sinais de uma postura mais restritiva do Federal Reserve dos Estados Unidos.
No final, o cenário econômico e as decisões do Fed provavelmente determinarão se as taxas de juros no Brasil serão ajustadas conforme o previsto ou se permanecerão em níveis mais elevados.