A semana terminou marcada por uma das mais intensas crises entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), revelando diferenças antes veladas em um confronto público. A troca de acusações entre o comandante da Casa e o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) atraiu a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se posicionou publicamente em apoio ao seu auxiliar.
O embate começou com Lira, após a decisão da Câmara em manter Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) na prisão, externando suas críticas sobre Padilha em conversas reservadas e o rotulando de “incompetente” e “desafeto pessoal”.
Em resposta, Padilha reagiu anunciando que não se rebaixaria a esse nível. Porém, foi o presidente Lula quem lançou o recado mais contundente a Lira, declarando: “Mas só por teimosia, o Padilha vai permanecer por muito tempo nesse ministério.”
A incógnita agora é o comportamento de Lira ao retornar à Câmara, visto que ele é conhecido por não tolerar contrariedades. Há temores no Planalto de que Lira lance um “pacote de maldades” e paute projetos para impor derrotas ao governo. A questão em aberto é a extensão dessas retaliações, com o receio de que medidas mais drásticas possam afetar a estabilidade política.
Apesar da tensão, uma medida extrema como a pauta de impeachment, vista no passado com Eduardo Cunha (MDB-RJ), é descartada, embora existam pedidos nesse sentido protocolados por bolsonaristas extremistas.
A semana que se inicia prevê uma sessão do Congresso para votar vetos do presidente Lula, incluindo um veto que envolve verba de emenda. O Planalto negocia com deputados e senadores a derrubada parcial desse veto, temendo que o Congresso vete integralmente e fique com uma parcela substancial desses recursos.