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O Aumento no Diagnóstico de Casos de Autismo e o que é o  TEA

O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação e a interação social. 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem chamando a atenção pela crescente frequência de diagnósticos. Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), a prevalência do TEA nos Estados Unidos saltou de 1 em 150 crianças, em 2000, para 1 em 36 em 2020. No Brasil, é estimado que 2% da população seja autista, o que significa cerca de 4 milhões de pessoas.

Mas será que o autismo realmente está aumentando, ou estamos apenas diante de um efeito da maior conscientização sobre o transtorno? Para começar a refletir sobre isso, é necessário entender o que é o Espectro Autista. Principalmente no Brasil, ainda há muita desinformação sobre o tema.

O que é Autismo?

O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação e a interação social. Pessoas com autismo podem apresentar dificuldades em: compreender e responder a linguagem verbal e não verbal; estabelecer e manter relacionamentos; interagir com outras pessoas de maneira recíproca; se adaptar a mudanças de rotina; e apresentar interesses restritos e repetitivos, em assuntos muitas vezes exóticos ou desinteressantes para a maioria das pessoas, que são os “hiperfocos”.

No seriado Atypical, da Netflix, que recomendo, temos a história de Sam, um autista com hiperfoco em pinguins, que tem uma tartaruga de estimação e dificuldades para entender malícia, ironia e o modus operandi da sociedade e das pessoas ao seu redor. Seu modo de se comunicar é bastante literal – mas nem por isso tem pouca capacidade intelectual e poucas habilidades.

Falando em sintomas de autismo, eles variam de pessoa para pessoa e podem se manifestar de diferentes maneiras. Alguns dos principais sintomas incluem dificuldade em contato visual, atraso na fala e na linguagem, ecolalia (repetição de palavras ou frases), movimentos repetitivos (estereotipias), dificuldade em compreender regras sociais, preferência por atividades solitárias, sensibilidade a estímulos sensoriais (luz, som, textura) – é comum autistas usarem protetores de ouvido para barrar barulhos externos excessivos, inclusive no caso de Sam em Atypical.

O Aumento dos Diagnósticos de Autismo

O aumento dos diagnósticos desta particularidade neurológica pode ser explicado por alguns fatores, como maior conscientização sobre o assunto através da mídia e da indústria de streamings. Campanhas e a formação de profissionais que compreendem o TEA, ainda que em nível básico, contribuem para que mais pessoas reconheçam sinais de autismo.

Outro fator é que os critérios para o diagnóstico do TEA foram ampliados nos últimos anos, o que abarca um maior número de pessoas. Ao mesmo tempo, mais e mais pessoas têm tido acesso a serviços e profissionais especializados em autismo. No Brasil, agora pessoas com autismo (e outros problemas de saúde mental e física, como síndrome do pânico, ansiedade, depressão e doença de Crohn) podem utilizar, através do governo, um cordão no pescoço: no caso dos autistas, é o cordão de girassóis (e às vezes uma peça de quebra-cabeças, ambos símbolos do autismo). Com a identidade acoplada, lhes garante preferência em vários serviços e locais, além de identificá-los como portadores de deficiência(s).

É importante ressaltar que o aumento dos diagnósticos de autismo não significa necessariamente que o transtorno esteja mais frequente, embora isso seja possível devido a várias razões, em uma sociedade cada vez mais instável, caótica, “líquida” e ao mesmo tempo repleta de ódio e egocentrismo. Além do problema da “prisão nas telas de celulares” – estudos indicam que pode alterar as estruturas cerebrais em crianças e adultos, e, nas crianças, provocar atraso de linguagem e diminuição de QI.

Seja como for, fatores que geram autismo ainda são desconhecidos em sua totalidade pela Ciência. Certo é que muitos sofreram com autismo em anos passados. Fala-se, por exemplo, que provavelmente Einstein e Beethoven eram autistas – é comum essas pessoas terem grandes habilidades intelectuais e/ou artísticas, dependendo do grau de autismo: existem graus mais elevados, que podem impedir uma pessoa de ter uma rotina “normal” sem ajuda externa.

E, se você acha que autismo é sempre sinônimo de deficiência intelectual ou até retardo mental, está enganado. Personalidades como Elon Musk e Johnny Depp já se declararam autistas, portadores de um de seus espectros que é a síndrome de Asperger.

Enfim, ainda há muito a ser pesquisado sobre o autismo, mas o aumento do awareness (a conscientização) e o aprimoramento dos diagnósticos e tratamentos são passos importantes para garantir que as pessoas com TEA recebam o apoio e as intervenções necessárias para uma vida plena e produtiva. Inclusive, quero indicar aqui a série Amor no espectro, da Netflix, que apresenta encontros entre pessoas com autismo em diversos graus, ajudando-nos a entender o que é e como pode se mostrar essa maneira diferente de pensar e ver o mundo que é o autismo.

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