Minas Gerais apresenta o menor índice de docentes concursados na educação básica, registrando apenas 19,2%, conforme o Censo Escolar 2023. Essa informação, destacada em evento na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante o Seminário Internacional de Educação, provocou preocupação entre especialistas.
O professor João Valdir Alves de Souza, coordenador do Prodoc da UFMG, classificou o dado como “assombroso”, destacando sua relevância para compreender as condições de trabalho dos profissionais. Ele ressaltou que um quarto dos professores na educação básica não possui habilitação na disciplina que leciona, levantando questões sobre a qualidade do ensino.
Maria Rosária Barbato, presidente do Apubh, apontou que a escassez de profissionais na sala de aula é resultado não apenas de baixos salários, mas também da sobrecarga de trabalho e falta de investimentos na educação básica. Ela enfatizou que os profissionais estão sobrecarregados física e mentalmente, e cobrou políticas públicas efetivas para lidar com a situação.
O professor Emílio Fanfani, da Universidad de Buenos Aires, destacou os desafios específicos da atividade docente na América Latina, ressaltando a necessidade de uma formação contínua que englobe conhecimento, estratégias pedagógicas e aspectos culturais.
A parceria entre a ALMG e a UFMG para abordar a condição do trabalho docente foi elogiada, destacando-se a importância de unir a pesquisa acadêmica com ações políticas para promover melhorias na educação. No entanto, também foi ressaltada a inércia do governo estadual, Ministério Público e Tribunal de Contas em relação à nomeação de profissionais efetivos na educação básica, o que pode resultar em um “apagão na educação”.