Uma nova esperança na luta contra o HIV e a Aids foi anunciada nesta semana. A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou o Yeztugo, primeiro tratamento preventivo contra o HIV que exige apenas duas aplicações injetáveis por ano.
O medicamento, desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences, é baseado na molécula lenacapavir, já conhecida por sua eficácia em tratamentos antirretrovirais. Segundo especialistas, o novo protocolo pode revolucionar a prevenção da doença, principalmente para pessoas que têm dificuldades em manter o uso diário de comprimidos, como acontece atualmente com os métodos tradicionais de profilaxia pré-exposição (PrEP).
Quem poderá utilizar?
O Yeztugo é indicado para adultos e adolescentes com peso superior a 35 quilos, e tem como principal objetivo prevenir a transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV) antes da exposição.
“O Yeztugo representa um avanço histórico na prevenção do HIV. Ao reduzir a frequência de doses, tornamos a proteção mais acessível e viável para muitas pessoas”, destacou Daniel O’Day, presidente da Gilead Sciences.
Como funciona o novo tratamento?
O medicamento age como um bloqueador da cápside do HIV, interrompendo a capacidade do vírus de se replicar dentro do organismo. Com apenas duas injeções ao longo do ano, o Yeztugo oferece proteção sustentada por meses, o que pode ser especialmente útil para pessoas em situação de vulnerabilidade social ou com dificuldade de acesso regular à saúde.
O lenacapavir já era utilizado no tratamento de pacientes com HIV resistente a múltiplas drogas, através do medicamento Sunlenca, lançado em 2022.
Custo ainda é uma barreira
Apesar da empolgação da comunidade científica, o custo pode ser um grande desafio. Embora a Gilead ainda não tenha divulgado oficialmente o preço, analistas estimam que o novo tratamento possa custar até US$ 25 mil por ano (cerca de R$ 135 mil na cotação atual).
Organizações internacionais e defensores dos direitos de pessoas com HIV já pedem que a empresa facilite o acesso ao medicamento em países de baixa e média renda, permitindo, por exemplo, a produção de versões genéricas.
Contexto global e brasileiro
Segundo o último relatório da UNAIDS, mais de 39 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, sendo aproximadamente 960 mil apenas no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
No Brasil, os métodos de PrEP oral diária são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017. Ainda não há previsão de quando o Yeztugo poderá ser analisado para uso no país.
O que dizem os especialistas?
Para infectologistas e ativistas, a aprovação do Yeztugo representa um marco, mas a acessibilidade e o custo serão determinantes para o sucesso do novo tratamento fora dos Estados Unidos.
“O grande desafio será garantir que esse avanço não fique restrito a uma pequena parcela da população mundial”, disse um porta-voz da Aids Healthcare Foundation, que já pressiona a Gilead para ampliar a produção de versões de baixo custo.
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