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Frangos por R$ 700 – Garimpeiros Ilegais na Terra Yanomami: Preços Absurdo e Economia Paralela

Durante uma operação realizada para desmantelar acampamentos clandestinos na Terra Indígena Yanomami, autoridades federais descobriram preços exorbitantes cobrados por produtos básicos, refletindo uma economia paralela alimentada pela exploração ilegal de ouro. Os dados foram obtidos em cadernos encontrados em um garimpo na região de Surucucu e revelam a realidade alarmante enfrentada por aqueles que vivem e trabalham na área.

Dinheiro apreendido em operação da Polícia Federal — Foto: Divulgação/PF 
Foto: Bruno Mancinelle/Casa de Governo

Os preços exorbitantes chocam: dois frangos estavam sendo vendidos por R$ 700, enquanto um pacote de calabresa custava 3 gramas de ouro, totalizando R$ 1.050. Um botijão de gás de cozinha foi encontrado com preço de R$ 665, e um galão de 50 litros de combustível atingia a impressionante marca de R$ 2.800. Os produtos de primeira necessidade, como arroz, feijão, leite e açúcar, também estão incluídos na lista de preços absurdos.

O ouro, que atualmente é cotado a R$ 350 por grama, funciona como moeda de troca nesse mercado. Essa prática de comercialização reflete o impacto da presença de garimpeiros na região, que operam em condições de ilegalidade e escassez, forçando os trabalhadores a gastar boa parte do que extraem para obter bens essenciais. Um par de botas de borracha, por exemplo, era vendido por 1,5 gramas de ouro, ou mais de R$ 500. O acesso à internet via satélite também se tornou um luxo, custando 0,5 gramas de ouro por um dia, equivalente a R$ 175.

As operações de garimpo na Terra Yanomami se assemelham a minicidades, segundo as investigações da Polícia Federal. As forças de segurança descobriram prostíbulos, boates, festas de carnaval e até consultórios odontológicos. Essa estrutura paralela é mantida por meio de voos clandestinos que custam até R$ 20 mil, partindo de Boa Vista, que é um dos principais pontos de acesso à região. O transporte de mercadorias ocorre através de aviões e helicópteros em pistas improvisadas ou por embarcações, o que torna o controle sobre a atividade muito difícil.

A geografia isolada da Terra Yanomami, cercada pela densa floresta amazônica, contribui para a inflação dos preços. Os garimpeiros enfrentam um dilema financeiro, onde a exploração do ouro, que deveria ser uma oportunidade de enriquecimento, se torna um ciclo de consumo excessivo, obrigando-os a gastar grande parte do ouro extraído em produtos extremamente caros. A realidade mostrada nos cadernos de preços evidencia o peso financeiro que recai sobre esses trabalhadores, que buscam no garimpo uma saída para suas dificuldades econômicas.

A operação de desmantelamento das atividades de garimpo ilegal não é apenas uma questão de controle ambiental, mas também uma luta contra a exploração econômica que prejudica as comunidades locais e a integridade do território Yanomami. Com a revelação dos preços abusivos, o governo federal intensifica suas ações para reverter essa situação, destacando a necessidade de medidas eficazes para proteger os direitos dos indígenas e a biodiversidade da região.

A situação na Terra Yanomami continua a ser uma questão crítica que envolve questões de direitos humanos, exploração econômica e proteção ambiental, exigindo atenção e ação imediata das autoridades.

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