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Crise climática impacta produção agrícola e economia no noroeste de Minas Gerais

As mudanças climáticas podem ter provocado uma queda de arrecadação de cerca de R$ 925 milhões nas safras de 2023 e 2024 de grãos no Noroeste de Minas Gerais, uma das principais regiões agrícolas do Estado. A estimativa foi apresentada nesta sexta-feira (21/6/24) pelo engenheiro agrônomo Anderson Barbosa Evaristo, professor do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri, durante o sétimo e último encontro regional do Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em Unaí.

Segundo Anderson Barbosa, ondas de calor e estiagem afetaram severamente a produtividade das culturas de soja, milho, feijão e sorgo. As perdas no Valor Bruto da Produção (VBP) foram estimadas em R$ 745 milhões para a soja, R$ 132,6 milhões para o milho, R$ 24,2 milhões para o feijão e R$ 22,1 milhões para o sorgo. Os dados foram obtidos a partir do cruzamento de informações da Emater-MG e de cooperativas de produtores agrícolas.

A crise climática resultou em atrasos nos plantios, maior incidência de pragas e um consumo elevado de água nas áreas irrigadas, aumentando os custos de produção e reduzindo a rentabilidade.

Para mitigar os impactos da crise climática, Anderson Barbosa destacou a importância de investir em melhoramento genético, biotecnologias, manejo sustentável do solo e da água, sistemas integrados de produção, tecnologias de agricultura digital e de precisão, diversificação e planejamento agrícola, além de políticas e incentivos governamentais, e pesquisa e desenvolvimento.

Carlos Magno Moreira, engenheiro florestal e professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Arinos, abordou a redução das chuvas na região Noroeste do Estado. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam uma diminuição significativa da precipitação nas últimas décadas, especialmente nos meses de dezembro e janeiro. Em Arinos, a redução foi de 60 milímetros; em Unaí, de 48 milímetros; e em Paracatu, de 50 milímetros. A elevação das temperaturas médias também foi registrada, afetando a disponibilidade de água para consumo humano, uso agrícola e produção de energia.

Durante o encontro, Sérgio de Carvalho Coelho, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), apresentou o programa Nosso Ambiente, que visa a conservação dos recursos naturais através de práticas como a melhoria da qualidade e quantidade de água, recuperação de áreas degradadas e manejo de solo.

Tiago Leite, da Cruz Vermelha, discutiu o uso do cartão humanitário, uma transferência de renda utilizada em locais afetados por desastres, que pode ser aplicada em situações de seca e chuva excessiva.

Deputados presentes destacaram os impactos das mudanças climáticas na região. Tadeu Martins Leite (MDB), presidente da ALMG, mencionou a queda significativa do agronegócio devido à seca. Tito Torres (PSD) e Marli Ribeiro (PL) reforçaram a necessidade de aproveitar técnicas e tecnologias existentes para minimizar os problemas causados pela crise climática. Lud Falcão (Pode) defendeu a ampliação de linhas de crédito para enfrentar a seca, e Maria Clara Marra (PSDB) destacou os impactos na qualidade de vida e saúde dos mineiros.

O Seminário Técnico Crise Climática visa buscar soluções para minimizar os impactos das mudanças climáticas. A etapa final do seminário será realizada na ALMG nos dias 8 e 9 de agosto, onde será elaborado um relatório com sugestões de desdobramentos para mitigar o problema, com base nas discussões regionais e nos grupos de trabalho.


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