Terreiros e organizações de matriz africana em todo o Brasil assinaram uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressando preocupação com a gestão da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Com a assinatura de cem entidades, o documento destaca um “descaso total” da ministra em relação aos grupos, além de criticar sua recente envolvimento em “polêmicas que não ajudam o governo Lula”.
A carta foi enviada após a demissão de Yuri Silva, ex-titular do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), que era considerado um defensor ativo das causas ligadas às religiões de matriz africana. Segundo as entidades, a demissão, que ocorreu por telefone enquanto Silva estava em luto, exemplifica a falta de diálogo da ministra com os terreiros. “Recebemos com muita preocupação a demissão por telefone, e durante um resguardo provocado por luto familiar”, aponta um trecho do documento.
As organizações ressaltam a fragilidade da gestão de Anielle e pedem uma reunião com Lula para discutir políticas que beneficiem os terreiros, que, segundo a carta, “encontraram o descaso total da ministra”. Entre as críticas estão a má vontade na retomada de políticas relevantes para os povos de terreiro e a demora na publicação da Política Nacional de Combate ao Racismo Religioso.
Procurado, o Ministério da Igualdade Racial afirmou não ter recebido formalmente a carta e que só soube do seu conteúdo por mensagens. A pasta defendeu a existência de uma diretoria específica para Povos de Terreiro e de Matriz Africana, ressaltando que uma nova política de diálogo está em construção.
Entretanto, as entidades questionam a falta de visitas da ministra a terreiros e a baixa priorização orçamentária para a categoria. A insatisfação evidencia um descontentamento crescente entre as organizações de matriz africana com a atual gestão, que, segundo elas, pode comprometer a luta por direitos e reconhecimento de suas culturas e tradições.
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