Na semana em que Marcelo Ângelo de Paula Bomfim, vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, morreu devido à dengue após contrair a doença, outra informação levanta questionamentos quanto ao esforço do governo para enfrentar a pandemia.
O Ministério da Saúde enfrenta críticas intensas após dados alarmantes revelarem uma drástica redução nos gastos com campanhas de prevenção contra a dengue em 2023, durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo levantamento do Poder360, os recursos destinados a essas campanhas diminuíram em 61% em comparação ao ano anterior, na administração de Jair Bolsonaro.
Essa queda drástica nas verbas de conscientização coincide com o momento mais grave da história do Brasil em relação à dengue. Mais de 2,6 milhões de casos foram registrados até o momento, com mais de 1.000 mortes confirmadas, apontando para uma crise de saúde pública.
Os dados revelam que em 2022, durante a gestão anterior, foram investidos R$ 31,6 milhões em campanhas de esclarecimento sobre a dengue. Em contraste, em 2023, esse valor caiu para apenas R$ 12,2 milhões, marcando o menor investimento desde 2019.
Essa significativa redução nas campanhas de prevenção é apontada como uma das razões para o atual surto de dengue no país, uma vez que tais iniciativas costumam orientar a população sobre medidas preventivas essenciais, especialmente a eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
Responsável por decidir sobre essas campanhas, o Ministério da Saúde, sob a liderança da socióloga Nísia Trindade, tem enfrentado críticas de diferentes setores, tanto da oposição quanto de membros do próprio governo Lula.
Especialistas alertam que a diminuição nos investimentos em campanhas de prevenção não apenas prejudica a conscientização pública, mas também impacta negativamente a capacidade de combate à propagação da dengue, cuja maioria dos focos (75%) encontra-se dentro das residências.
O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, ressalta a importância de mobilizar a população durante o período que antecede a alta sazonal de casos, enfatizando que a comunicação eficaz e a remoção de criadouros são medidas cruciais na ausência de uma vacina amplamente disponível.
Em resposta às críticas, o Ministério da Saúde destacou outras ações tomadas para enfrentar a epidemia de dengue, incluindo reuniões com gestores municipais, a criação de uma Sala Nacional de Situação em dezembro de 2023 e o repasse significativo de recursos aos estados e municípios.
No entanto, o debate permanece sobre o impacto da redução drástica nas campanhas de prevenção, com especialistas e membros da sociedade civil ressaltando a necessidade urgente de investimentos consistentes e estratégias eficazes para conter o avanço da dengue no Brasil.