Enquanto finalizava mais um treino na Rua Padre Rolim em direção à rodoviária de Ouro Preto, o atleta Gabriel foi surpreendido por um ato de racismo. Um vídeo divulgado pelo próprio atleta em suas redes sociais ganhou grande repercussão devido à banalidade com que alunos, a maioria crianças, da escola particular de Belo Horizonte decidiram entoar sons de macaco ao ver o homem passando.
Gabriel, que apenas registrava mais uma etapa de sua preparação, captou com perfeição as palavras dos garotos, embora essa não fosse sua intenção. Logo após publicar o relato em suas redes, a comunidade de Ouro Preto se mobilizou para demonstrar indignação diante do ocorrido.
Gabriel Augusto de Jesus, a vítima, expressou sua consternação diante da cena, lamentando ter que comentar sobre algo que vai além de sua profissão, mas que infelizmente persiste na sociedade:
“Sempre venho aqui para compartilhar boas notícias, especialmente esta semana em que estou muito feliz com o treino de segunda-feira, subindo para Itabirito, né? Fiz um tempo excelente e estou muito satisfeito. Porém, o treino de hoje também foi muito bom. Fiquei chateado com o que aconteceu quando estava indo em direção ao Veloso, subindo em direção à rodoviária. Passei por um grupo escolar, aparentemente de uma escola particular, não daqui de Ouro Preto. Os alunos fizeram gestos e proferiram coisas que me deixaram muito chateado. Vou postar um vídeo. Não estou aqui para levantar bandeira ou citar nomes, mas em 2024, precisamos lidar com esse tipo de situação e atitude, principalmente dos jovens em busca de conhecimento.”
A Prefeitura de Ouro Preto e a Casa de Cultura Negra repudiaram veementemente o racismo. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo divulgou uma nota pública assegurando apoio total ao cidadão ouro-pretano afetado pela situação. Medidas estão sendo tomadas, com a Diretoria de Promoção da Igualdade Racial e a Guarda Civil Municipal rastreando imagens para identificar os responsáveis.
Por sua vez, o vereador Alex Brito (PDT), morador do Veloso e voz negra proeminente na Câmara Municipal de Ouro Preto, também se pronunciou. Ele classificou o episódio como “lastimável” e exigiu retratação por parte da escola responsável pelos alunos infratores. Convocou uma aula sobre a história e a cultura local para os estudantes, destacando a contribuição do povo de Ouro Preto para a construção da cidade.
A escola particular envolvida lamentou o ocorrido e enfatizou que iniciou uma investigação interna para averiguar os fatos. Em nota, reforçou o compromisso com os princípios de respeito e inclusão, promovendo atitudes empáticas e de igualdade em conjunto com seus alunos. Expressaram solidariedade ao envolvido no ato inadmissível, reafirmando o compromisso com a construção de um futuro mais justo e inclusivo.