Belo Horizonte vive um cenário de caos na saúde pública. O pronto-socorro do Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, suspendeu os atendimentos a novos pacientes nesta quarta-feira (22), devido à superlotação e à falta de estrutura para assistência. Cirurgias ortopédicas eletivas também foram suspensas por duas semanas, agravando ainda mais a crise no sistema de saúde municipal.
Pacientes relatam sofrimento e descaso
A superlotação do hospital obrigou muitos pacientes a aguardarem atendimento em macas improvisadas e até mesmo no chão. Jorge Eduardo Pinto, de 63 anos, morador de Santa Luzia, chegou ao hospital às 8h e, sem perspectiva de atendimento, deitou-se sobre um pedaço de papelão na entrada do pronto-socorro. “Estou com falta de ar e, se entrar e ficar em pé, posso desmaiar por causa do calor. Preferi ficar do lado de fora, caso desmaie”, desabafou.
Paloma Mendes, de 44 anos, também enfrenta dificuldades. Com um pé quebrado, a cuidadora de idosos precisou ser levada ao hospital por um carro de aplicativo, mas foi informada que não haveria atendimento imediato. “Cheguei e o segurança ainda reclamou porque o motorista parou na porta. Eu não consigo sair da cadeira de rodas sozinha. Isso é um descaso”, lamentou.
Casos graves sem atendimento imediato
Outro drama vivido na unidade de saúde envolve Guilherme Augusto, cujo irmão sofreu um acidente e teve uma fratura exposta. “Ele foi colocado em uma maca, gritando de dor, mas até agora não recebeu atendimento. Quando fui resolver a documentação, minha moto foi roubada do lado de fora do hospital”, contou. Segundo ele, a falta de informações e o longo tempo de espera aumentam a angústia dos familiares.
Superlotação atinge o dobro da capacidade
O pronto-socorro do Risoleta Neves, que tem capacidade para atender 90 pacientes simultaneamente, atualmente está operando com 180 internados. Diante dessa situação, a direção do hospital notificou a Rede de Urgência e Emergência de Belo Horizonte, solicitando apoio para redistribuir pacientes para outras unidades do SUS-BH.
“Desde 2023, o pronto-socorro enfrenta superlotação. Esta é a primeira vez que precisamos suspender novos atendimentos. No momento, não há condições estruturais e de espaço físico para receber mais pacientes”, informou a direção da unidade.
Cirurgias eletivas suspensas
Para tentar aliviar a crise, a Prefeitura de Belo Horizonte suspendeu todas as cirurgias ortopédicas eletivas por 14 dias. A decisão afeta sete hospitais da cidade, incluindo Santa Casa, Hospital das Clínicas e Célio de Castro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a medida busca priorizar casos de urgência, já que a fila para leitos ortopédicos chega a 100 pacientes por dia.
A última vez que a rede pública suspendeu cirurgias foi durante a pandemia de COVID-19, quando hospitais operavam no limite. A expectativa da prefeitura é que, com o reforço de outras unidades do SUS, a situação no Risoleta Neves possa ser amenizada nos próximos dias. No entanto, para pacientes e familiares que enfrentam horas de espera, a realidade continua sendo de incerteza e sofrimento.
RECORRÊNCIA
Há um ano, a TV Alterosa já vinha denunciando o descaso. Veja no Vídeo;
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