Na sexta-feira, dia 5 de abril, a polícia equatoriana surpreendeu ao invadir a embaixada do México em Quito, capital do Equador, e prender o ex-vice-presidente Jorge David Glas Espinel, que estava abrigado na representação mexicana desde dezembro do ano passado.
Glas, uma figura política proeminente, enfrentava acusações de corrupção e já tinha sido condenado duas vezes no Equador. Ele serviu durante o mandato do ex-presidente de esquerda Rafael Correa, entre 2013 e 2017.
O incidente provocou uma forte reação do presidente do México, López Obrador, que condenou veementemente a ação, chamando-a de uma “flagrante violação do direito internacional e da soberania mexicana”. O presidente instruiu seu ministro das Relações Exteriores a suspender imediatamente as relações diplomáticas com o Equador.
“Alicia Bárcena, nossa secretária de Relações Exteriores, acaba de me informar que a polícia do Equador entrou à força em nossa embaixada e deteve o ex-vice-presidente daquele país”, declarou Obrador em um comunicado publicado no X, antigo Twitter. “Isto é uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México, razão pela qual instruí o nosso chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do México e Equador”, completou.
Os acontecimentos recentes entre México e Equador já vinham marcados por tensões diplomáticas. Na quinta-feira (4), a embaixadora mexicana em Quito, Raquel Serur Smeke, foi declarada “persona non grata” pelo Equador, após críticas do presidente mexicano às eleições equatorianas de 2023.
López Obrador expressou preocupações sobre o segundo turno das eleições equatorianas, ocorrido em 2023, descrevendo-o como “muito estranho” e sugerindo interferências e violência durante a campanha. Esses comentários foram considerados “infelizes” pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador, que também mencionou o luto contínuo pelo assassinato de um candidato durante o processo eleitoral.
A situação se agravou quando o México anunciou que concederia asilo político a Jorge Glas, uma decisão imediatamente criticada pela ministra equatoriana das Relações Exteriores, Gabriela Sommerfield, como “interferência nos assuntos internos”.