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Novo medicamento injetável é 100% eficaz na prevenção do HIV, revela estudo

Resultados do lenacapavir como estratégia de profilaxia foram celebrados pela comunidade científica. (Foto: Gilead Sciences)

A farmacêutica Gilead Sciences anunciou que um novo medicamento injetável, aplicado apenas duas vezes ao ano, conseguiu prevenir 100% das infecções pelo HIV na fase 3 dos testes clínicos. Os resultados positivos do lenacapavir, agora publicados na revista científica The New England Journal of Medicine, já haviam sido divulgados anteriormente.

O medicamento, comercializado como Sunlenca, já é aprovado por agências reguladoras para o tratamento de casos de HIV multirresistentes, mas não como estratégia de prevenção. O novo estudo avaliou o uso do lenacapavir como profilaxia pré-exposição (PrEP), uma terapia destinada a pessoas em maior risco de contato com o HIV para evitar a contaminação.

Atualmente, a PrEP é feita por meio de comprimidos tomados diariamente, com uma eficácia superior a 90%. Disponível no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017, essa modalidade enfrenta desafios, como a necessidade de adesão diária aos comprimidos. Em busca de facilitar a adesão, laboratórios têm desenvolvido versões de longa duração, que necessitam de menos aplicações anuais. O cabotegravir, da GSK, por exemplo, é aplicado a cada dois meses e foi aprovado pela Anvisa no ano passado.

Os novos resultados da Gilead Sciences mostram que o lenacapavir pode ser aplicado apenas duas vezes por ano, prevenindo a infecção pelo HIV. Embora seja uma injeção para prevenir uma doença infecciosa, o lenacapavir não é uma vacina. Ele atua como um antiviral, bloqueando os caminhos que o vírus utiliza para se replicar, e precisa permanecer em constante circulação no organismo.

Diferente de uma vacina, que induz o sistema imunológico a produzir defesas próprias, o lenacapavir não gera essa resposta ativa. Caso a administração da PrEP seja interrompida, a proteção desaparece. Vacinas, por outro lado, podem demandar doses de reforço, mas mantêm algum nível de proteção duradoura.

Controle da epidemia

Devido à alta eficácia e à necessidade de poucas doses anuais, Andrew Hill, pesquisador de medicamentos antirretrovirais da Universidade de Liverpool, disse à AFP que o lenacapavir é “basicamente como se tivéssemos uma vacina”. Ele acredita que o amplo acesso ao medicamento pelas populações de maior risco poderá levar a um “controle da epidemia” de HIV.

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) também comemorou os resultados, afirmando que a inovação “oferece esperança de acelerar os esforços para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030”. Uma profilaxia com adesão mais fácil pode ajudar o mundo a alcançar as metas do programa da ONU, visto que, embora as lideranças mundiais tenham se comprometido a reduzir as novas infecções anuais pelo HIV para menos de 370 mil até o ano que vem, em 2023 foram diagnosticadas 1,3 milhão de novas infecções, mais de três vezes o objetivo atual.


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