A crescente violência contra a mulher em Minas Gerais, associada à falta de investimentos em segurança pública, é uma realidade alarmante. Nos sete primeiros meses de 2024, as estatísticas revelam um cenário preocupante: Uberlândia, Belo Horizonte, Governador Valadares e Betim lideram os casos de feminicídio. Uberlândia registrou sete feminicídios e três tentativas, Belo Horizonte teve cinco feminicídios e sete tentativas, enquanto Governador Valadares e Betim contabilizaram quatro feminicídios cada.
Esse aumento coloca Minas Gerais como o segundo estado com mais feminicídios no Brasil. A entidade responsável pelo estudo destaca que, além da falta de investimentos, o fato de a maioria dos casos ocorrerem dentro de casa dificulta a ação da segurança pública. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2022, uma mulher foi assassinada a cada 18 horas em Minas Gerais, e uma mulher esteve em situação de violência doméstica a cada 23 minutos.
A brutal violência contra a mulher foi tema da entrevista cedida ao BH ao Vivo, pela diretora de Assuntos da Mulher, do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, SINDPOL/MG, Vânia Corrêa.
Corrêa destaca a falta de estrutura das delegacias e o sucateamento dos órgãos de segurança no estado para coibir essas agressões.
Vânia falou ainda das ações educativas realizadas pela entidade, afim de conscientizar a sociedade das mazelas resultantes da violência contra a mulher.
A capital, Belo Horizonte, possui apenas quatro delegacias especializadas, número insuficiente para a demanda da cidade.
Nessas delegacias especializadas em atendimento à mulher em Belo Horizonte (Barreiro, Venda Nova, Centro Leste e Centro Sul), metade tem apenas um investigador. Em 2023, 171 mulheres foram mortas no estado pelo simples fato de serem mulheres, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
O levantamento aponta que em 2023, uma mulher sofreu tentativa de assassinato a cada 13 horas, foi ameaçada a cada 6 minutos e estuprada a cada 2 horas em Minas Gerais. A subnotificação é um problema grave, pois muitas mulheres não conseguem realizar a denúncia devido à dependência financeira do agressor ou à dificuldade de acesso aos serviços.
Casos como o de Sete Lagoas, onde um homem de 25 anos foi preso após agredir e fazer refém uma jovem grávida de 22 anos, evidenciam a gravidade da situação. A vítima, seminua e em estado de choque, relatou ter sido obrigada a entrar no carro do agressor, que ameaçou bater o veículo em um poste para que ambos morressem juntos. Ela foi salva graças aos gritos de socorro ouvidos por militares que passavam pelo local.
A violência contra a mulher é uma questão urgente e a sociedade civil, juntamente com os movimentos sociais, continua lutando por políticas públicas eficazes e pelo fim da violência de gênero.