A Coreia do Norte, conhecida por seu isolamento extremo e rígido controle sobre a vida de seus cidadãos, anunciou a reabertura ao turismo estrangeiro a partir de dezembro de 2024, após quase cinco anos de fechamento. A decisão marca um retorno gradual do país ao cenário internacional, interrompido em grande parte pela pandemia de covid-19 e pelo seu tradicional isolamento político e econômico.
Os operadores turísticos especializados que anunciaram a reabertura indicam que o turismo será inicialmente retomado em Samjiyon, uma cidade próxima à fronteira com a China e porta de entrada para o Monte Paektu. Este local, cercado de significado histórico e simbólico para o regime, é apresentado como o berço do ex-líder Kim Jong-Il e um centro para o desenvolvimento turístico, com novos hotéis e uma estação de esqui.
A Realidade do Turismo na Coreia do Norte
O turismo na Coreia do Norte é altamente regulamentado e controlado. Os pacotes turísticos são vendidos exclusivamente por agências autorizadas, que organizam as viagens com guias locais e oferecem roteiros rígidos. O processo para obter um visto é relativamente simples, envolvendo o envio de uma foto e cópia do passaporte, mas a visita ao país é possível apenas através dessas agências e, exceto para os cidadãos sul-coreanos e jornalistas ocidentais, o índice de negação de vistos é muito baixo.
Os turistas partem geralmente de Pequim, com voos operados pela Air Koryo, a companhia aérea estatal norte-coreana, conhecida por seu histórico de baixo desempenho e frota envelhecida. A Air Koryo, classificada repetidamente como a pior companhia aérea do mundo, opera com aeronaves datadas, algumas das quais remontam à década de 1960, e oferece um serviço limitado, predominantemente com propaganda estatal.
Custos e Experiências
Os pacotes turísticos variam em preço, dependendo do número de viajantes e da duração da estadia. Em média, uma viagem individual de uma semana custa cerca de 3.000 euros, ou aproximadamente R$ 18.000. Esse valor cobre transporte interno, guias, alimentação e hospedagem em hotéis de quatro estrelas. Passagens aéreas para Pequim e voos de/para Pyongyang são custos adicionais, com voos a partir de Pequim custando cerca de 550 euros.
Segurança e Restrições
A visita à Coreia do Norte exige extremo cuidado e respeito pelas regras rígidas impostas pelo regime. O turismo é restrito a áreas específicas e os visitantes são acompanhados constantemente por guias. As autoridades locais monitoram de perto os turistas, e qualquer comportamento que seja considerado desrespeitoso pode ter consequências graves. Um exemplo notório é o caso de Otto Warmbier, um estudante norte-americano preso em 2016 por danificar um cartaz de propaganda política e que morreu após retornar aos EUA em coma.
Os turistas devem estar cientes de que qualquer dano a materiais de mídia, como jornais e revistas com imagens de líderes norte-coreanos, pode ser tratado como um crime grave. Além disso, a circulação dentro do país é severamente restrita, e qualquer movimento fora dos roteiros autorizados é proibido.
Implicações e Futuro do Turismo na Coreia do Norte
A reabertura ao turismo reflete a tentativa do regime de Kim Jong-un de estimular a economia e obter divisas estrangeiras, apesar das sanções internacionais. A Coreia do Norte continua a ser um destino de turismo altamente controlado e potencialmente arriscado, com uma reputação de repressão severa e um controle rigoroso sobre a vida de seus habitantes e visitantes.
Apesar das dificuldades e dos riscos associados, a curiosidade sobre o país mais fechado do mundo continua a atrair alguns turistas. A reabertura em dezembro oferece uma oportunidade rara para aqueles dispostos a navegar pelos desafios e restrições para experimentar um vislumbre do enigmático reino de Kim Jong-un.
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