No último domingo (25), a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) da Venezuela reiterou sua “absoluta lealdade e subordinação” ao presidente Nicolás Maduro, após a validação de sua “vitória” nas eleições de 28 de julho pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado por magistrados chavistas.
A declaração foi feita pelo comandante operacional estratégico da FANB, Domingo Hernández Lárez, através de uma mensagem no Instagram. Ele afirmou que as Forças Armadas aceitam a decisão do TSJ, que confirmou os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), garantindo a Maduro um terceiro mandato consecutivo.
O artigo 328 da Constituição venezuelana estabelece que a FANB deve ser uma instituição “essencialmente profissional” e “sem militância política”, devendo servir exclusivamente à Nação e não a indivíduos ou partidos políticos. No entanto, a postura atual da FANB, predominantemente alinhada com o chavismo, parece contrariar esse princípio.
O resultado das eleições, considerado fraudulento pela oposição e por uma parte significativa da população, resultou na vitória de Maduro. A oposição, liderada por Edmundo González Urrutia, alega que ele foi o verdadeiro vencedor e apresentou evidências de que obteve a maioria dos votos, conforme registrado em 83,5% das atas de apuração.
O TSJ, presidido pela chavista Caryslia Rodríguez, assumiu a validação dos resultados a pedido de Maduro, que havia apresentado um recurso até então desconhecido. Os dez ex-candidatos foram convocados para a verificação, mas González se recusou a comparecer, questionando a competência do TSJ para essa tarefa, que deveria ser conduzida pelo CNE. A publicação dos dados desagregados pelo CNE ainda está pendente, 28 dias após as eleições.
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), principal coalizão de oposição, rejeitou a decisão do TSJ, afirmando que “a soberania reside, intransferivelmente, no povo”. A oposição e vários países e organizações internacionais, incluindo os EUA e a União Europeia, apoiam a reivindicação de González.
O pedido da oposição para que a FANB “respeite a soberania popular” expressa nas eleições parece não ser atendido, evidenciando o alinhamento contínuo das Forças Armadas com o regime de Maduro.