Belo Horizonte enfrenta um dos períodos mais secos de sua história, com 139 dias sem precipitação. Esse cenário levanta preocupações sobre o impacto nos reservatórios de água da Região Metropolitana (RMBH), especialmente o sistema Paraopeba, que já sofreu uma queda de mais de 20%. No entanto, tanto a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) quanto a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) garantem que o abastecimento segue assegurado no curto prazo.
Especialistas afirmam que, apesar do baixo risco de desabastecimento imediato, a falta de chuvas combinada com as temperaturas elevadas — que chegam a 35°C nesta quinta-feira (5) — pode aumentar a evaporação dos recursos hídricos, exigindo medidas de conscientização do uso da água.
Onda de calor desafia capital mineira
Nesta quinta-feira, Belo Horizonte deve registrar a temperatura mais alta do ano, com previsão de 35°C, superando os 34,4°C registrados na última terça-feira (3). A umidade relativa do ar deve atingir níveis alarmantes de apenas 10% à tarde, colocando a cidade em estado de alerta. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja para a baixa umidade em todo o estado.
Esse cenário de calor extremo não é exclusivo de Belo Horizonte. Várias cidades brasileiras enfrentam a mesma situação, com temperaturas e umidades comparáveis às do deserto do Saara. No Brasil, 244 cidades registraram umidade inferior a 14%, enquanto no deserto do Saara a umidade varia de 14% a 20%. A diferença, conforme explica o professor de geografia e cientista do clima Lucas Oliver, é que no Saara as temperaturas caem à noite, enquanto o bloqueio atmosférico que atua no Brasil mantém as temperaturas elevadas mesmo durante a madrugada.
Efeito “air-fryer” e bloqueio atmosférico
O bloqueio atmosférico que afeta Belo Horizonte e outras regiões do país é um fenômeno que impede a chegada de frentes frias e chuvas. De acordo com o professor Lucas Oliver, a alta pressão empurra o ar quente de volta à superfície, criando um ciclo de aquecimento, semelhante ao funcionamento de uma “air-fryer”. Isso explica por que o calor é tão persistente e não alivia à noite, agravando ainda mais as condições de seca e calor extremo.
Como se proteger?
A Defesa Civil de Belo Horizonte recomenda uma série de medidas preventivas para enfrentar o calor intenso e a baixa umidade, que incluem:
Hidratar-se constantemente;
Evitar exposição ao sol entre 10h e 16h;
Usar chapéu, óculos escuros e protetor solar;
Reduzir atividades físicas e manter ambientes arejados;
Fazer refeições leves e evitar o consumo de álcool;
Proteger crianças, idosos e pessoas doentes, especialmente em veículos expostos ao sol.
Impacto econômico e ambiental
Além dos impactos na saúde da população, a seca prolongada e o calor intenso também trazem desafios para a economia e o meio ambiente. O setor agrícola já sente os efeitos da estiagem, e a elevação do consumo de energia elétrica também é uma preocupação, já que o calor eleva o uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores.
A situação ainda pode se agravar caso as chuvas não retornem nas próximas semanas, o que tornaria inevitável a adoção de medidas mais restritivas para garantir o abastecimento de água e energia no estado. O futuro climático de Belo Horizonte dependerá da quebra desse bloqueio atmosférico e do retorno das precipitações.