Uma clínica de reabilitação para dependentes químicos localizada em Taiobeiras, no Norte de Minas Gerais, foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta terça-feira (17 de setembro) devido a suspeitas de maus-tratos. A operação resultou na prisão de sete pessoas, incluindo proprietários e funcionários da clínica, que foram acusados de cárcere privado.
As investigações começaram após denúncias anônimas que revelaram condições abusivas no local. De acordo com a delegada Lílian Cales, os internos da clínica eram agredidos fisicamente e dopados com medicamentos. Um dos pacientes relatou que, após ser agredido, seu contato com familiares foi suspenso por 20 dias para esconder hematomas.
A operação revelou que os pacientes viviam em condições precárias e degradantes. Os policiais encontraram sinais evidentes de agressão em vários internos e descobriram um “quarto do pensamento”, onde alguns pacientes eram mantidos presos.
Quando a polícia chegou ao local, teve que pular um muro de mais de três metros, pois não foram atendidos na entrada. Dentro da clínica, os 60 internos estavam divididos em apenas dois quartos: um com 40 pessoas e outro com 20, ambos sem conforto adequado. As mulheres eram mantidas em uma ala separada, onde também foram reportados abusos e maus-tratos.
As famílias dos internos pagavam entre R$ 1,2 mil e R$ 1,4 mil por mês para que seus parentes permanecessem na clínica. Caso a família optasse por retirar o paciente, a multa era de R$ 3 mil.
A operação contou com a colaboração do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros, além de órgãos municipais como a Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária e Secretaria de Assistência Social. Os sete presos foram encaminhados ao sistema prisional e permanecem à disposição da Justiça. Os pacientes foram transferidos para a responsabilidade dos órgãos municipais e posteriormente entregues aos familiares.
