Os partidos políticos, responsáveis por distribuir os recursos do fundo eleitoral, têm autonomia para escolher quais candidatos irão receber maiores quantias. Essa liberdade gera uma disparidade significativa entre os valores recebidos por diferentes concorrentes, criando um cenário em que alguns candidatos são priorizados, enquanto outros ficam com pouco ou nenhum recurso.
Embora a legislação exija que ao menos 30% dos valores sejam destinados a candidatas e que haja uma distribuição proporcional com base em cotas raciais, a divisão final é decidida internamente. Segundo a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a definição dos critérios precisa ser aprovada pela maioria absoluta da direção executiva nacional de cada partido.
No Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, enquanto Pedro Patrus recebeu R$ 300 mil, Edmar Branco, do PCdoB, que integra a mesma federação, foi beneficiado com R$ 578 mil. No Partido Liberal (PL), Marilda Portela obteve cerca de R$ 830 mil, o maior montante entre os candidatos da legenda, enquanto quase 30% dos postulantes não receberam nada.
A disparidade é semelhante no PSOL, onde a vereadora Iza Lourença, que busca a reeleição, garantiu R$ 500 mil, valor muito acima dos R$ 20 mil recebidos pela maioria dos concorrentes de sua legenda. A legenda adota uma estratégia de priorizar mulheres negras. Já no MDB, Loíde Gonçalves recebeu R$ 40 mil, enquanto seu colega Henrique Braga ainda não recebeu nenhuma quantia.
A desigualdade na distribuição também é observada no Podemos e no PSD, onde candidatos considerados estratégicos recebem maiores valores. No Podemos, Dr. Cristian Aquino garantiu R$ 200 mil, o dobro de outros vereadores. No PDT, a diferença também é significativa: Bruno Miranda, presidente da legenda, obteve R$ 150 mil, enquanto o vereador Miltinho CGE recebeu apenas R$ 20 mil.
Essa prática de priorização levanta questionamentos sobre transparência e equidade no uso do fundo eleitoral.
