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Ministro José Múcio Monteiro denuncia interferência ideológica do governo em acordos da Defesa

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, criticou as interferências ideológicas que têm impactado acordos firmados pelo Ministério da Defesa, durante sua participação em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (8 de outubro). Segundo o ministro, um dos exemplos dessas interferências ocorreu em um acordo de venda de munições do Exército brasileiro para a Alemanha, que foi vetado pelo governo.

Múcio explicou que o acordo foi bloqueado devido ao receio de que a Alemanha reenviasse a munição para a Ucrânia, que está em conflito com a Rússia. “Judeus venceram uma licitação, mas, por questões ideológicas, não podemos aprovar. Fizemos um grande negócio, mas a venda foi vetada porque o alemão pode mandar para a Ucrânia, e a Ucrânia vai usar contra a Rússia. E a Rússia pode mexer nos nossos acordos de fertilizantes”, afirmou o ministro, referindo-se à dependência brasileira de fertilizantes russos, fundamentais para a agricultura nacional.

A postura do governo em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia tem sido marcada por tentativas de equilibrar relações com ambos os lados. Desde o início de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito acenos diplomáticos ao presidente russo, Vladimir Putin, ao mesmo tempo em que critica o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Lula já afirmou em diversas ocasiões que ambos os países compartilham a responsabilidade pelo conflito, que teve início com a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

Além de comentar a interferência no acordo de venda de munições, José Múcio também criticou a importação de potássio canadense pelo Brasil. Ele destacou que o país possui a segunda maior reserva mundial do mineral, mas que a exploração tem sido bloqueada devido à localização das reservas em terras indígenas. “Temos a segunda maior reserva, mas, como está embaixo da terra dos índios, nós não podemos explorar”, lamentou o ministro.

Recorde nas exportações de produtos de defesa

Durante o evento, o ministro da Defesa também anunciou que as exportações de produtos de defesa em outubro atingiram um recorde de US$ 1,6 bilhão, cerca de R$ 8,8 bilhões, um marco importante para o setor. Esse resultado iguala o recorde histórico registrado pela indústria de defesa em 2021 e, segundo o ministro, as negociações em andamento sugerem que 2024 poderá superar os números dos últimos anos.

O anúncio foi feito após a assinatura de um acordo entre o Ministério da Defesa e a CNI, com o objetivo de impulsionar a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) do Brasil. A parceria, que terá duração de seis anos, permitirá que a CNI tenha acesso a uma base de dados da Defesa, analisada pelo Observatório Nacional da Indústria. O acordo foi firmado entre José Múcio Monteiro e o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Essa colaboração visa fortalecer a indústria de defesa brasileira, ampliando oportunidades no mercado interno e externo. A análise de dados sobre aquisição de armamentos e valores transacionados entre países poderá servir de referência para o Brasil em futuras negociações internacionais.

Múcio destacou a importância do acordo e ressaltou que os dados obtidos com essa parceria poderão embasar futuras propostas de aumento no orçamento da Defesa junto ao Congresso Nacional. “Significa informação, comparação, para que possamos oxigenar o nosso discurso, dar força à nossa indústria da defesa brasileira”, afirmou.

O ministro também mencionou que o investimento global em produtos de defesa em 2023 chegou a US$ 2 trilhões, ressaltando que muitos países, como Japão e Portugal, que têm restrições constitucionais ao investimento em equipamentos de defesa, têm aumentado seus arsenais.


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