Nas montanhas da serra mineira, a tradição se entrelaça com a inovação na produção de doces artesanais. Há três gerações, a família Heiderich mantém viva a essência da culinária mineira, preservando não apenas o sabor, mas também a identidade cultural que envolve cada doce produzido em seus tachos de cobre.
Lucas e Fausto, representantes da nova geração Heiderich, carregam consigo o legado familiar, porém, com um toque de modernidade. Mantendo os métodos tradicionais de preparo, esses jovens empreendedores estão introduzindo uma nova característica aos doces: a redução do açúcar. Em suas receitas, frutas frescas são o segredo para diminuir em até 75% a adição de açúcar, enquanto em doces como o de banana, a redução é ainda mais drástica, alcançando 100%. Aqui, a própria frutose, o açúcar natural da fruta, é suficiente para adoçar a receita, proporcionando um sabor autêntico com menos impacto na saúde.
Mas essa evolução não se limita apenas à cozinha familiar. A gastronomia mineira está se tornando uma ferramenta poderosa de resgate histórico e impulsionando o turismo no estado. De acordo com pesquisas realizadas pela Secretaria de Estado de Turismo (Setur), em 2013, a gastronomia já era considerada a imagem de Minas Gerais para 24% dos turistas. No ano seguinte, esse índice subiu para impressionantes 33%, evidenciando a importância crescente da culinária regional como atrativo turístico.
Nesse contexto, a valorização dos saberes e sabores regionais ganha destaque, especialmente no segmento da agroindústria artesanal de alimentos. Estima-se que existam cerca de 1.153 estabelecimentos dedicados a essa atividade em Minas Gerais, a maioria deles composta por agricultores familiares. Entre esses empreendimentos, 37,2% estão envolvidos no processamento de leite, 24,6% na produção de cana de açúcar e outros 24% na transformação de frutas e vegetais.
Dessa forma, o legado de tradição e sabor da culinária mineira se renova a cada geração, preservando a identidade cultural e impulsionando o desenvolvimento econômico local através do turismo gastronômico e da valorização dos produtores familiares. Os doces artesanais não são apenas um deleite para o paladar, mas também um elo entre o passado e o futuro de Minas Gerais.
