A mineradora Vale anunciou nesta quarta-feira (29) que propôs um acordo de R$ 90 bilhões para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em novembro de 2015, em Mariana (MG). Esse desastre é considerado o maior socioambiental da história do Brasil.
Segundo informações divulgadas em um comunicado aos acionistas, a Vale estima que o montante total dos danos seja de R$ 127 bilhões. Desse total, a empresa afirma já ter investido R$ 37 bilhões em ações de remediação e compensação.
Dos R$ 90 bilhões propostos, a Vale planeja destinar R$ 72 bilhões ao longo de um período aos governos federal, estadual de Minas Gerais, estadual do Espírito Santo e aos municípios afetados. Os outros R$ 18 bilhões consistem em obrigações a serem cumpridas.
A Vale informou que a BHP Brasil e ela própria contribuirão com 50% dos valores, caso a Samarco não consiga financiar o acordo como devedor primário.
As negociações, interrompidas em dezembro passado devido a desacordos sobre a proposta original de pouco mais de R$ 40 bilhões, foram retomadas nas últimas semanas. Agora, aguarda-se a manifestação do governo federal, dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, do Ministério Público Federal e das defensorias públicas sobre a nova proposta.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) criticou a proposta da Vale, chamando-a de “indecente”. Segundo o membro da coordenação nacional do movimento, Joceli Andrioli, o valor proposto está muito aquém do necessário para uma reparação integral dos danos. Ele argumenta que o crime ambiental causou prejuízos superiores a R$ 500 bilhões e que a proposta apresentada pela Vale é desproporcional em relação a isso.
