Todos os dias, membros da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e líderes partidários realizam reuniões matinais para definir os temas a serem abordados nas redes sociais, em uma dinâmica semelhante ao conhecido “gabinete do ódio”. Nestes encontros, estabelecem-se os tópicos e as estratégias que serão adotadas pelas plataformas e perfis vinculados ao PT, direcionando a comunicação do partido.
Essas sessões virtuais ocorrem por volta das 8h e contam com a participação de membros da Secom, representantes do PT nacional e das lideranças partidárias na Câmara e no Senado. Além disso, eventualmente, influenciadores alinhados ao governo são convocados para receber orientações sobre os assuntos de interesse do governo.
Durante as eleições de 2022, a equipe de mídias sociais do PT operava sob o nome “gabinete da ousadia”, uma versão do “gabinete do ódio” associado à administração de Jair Bolsonaro. Desde então, tem-se observado uma atuação intensa de páginas e perfis alinhados ao governo na defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atacando críticos e descredibilizando a mídia.
Embora não haja evidências de transferência de recursos públicos para esses influenciadores, a conexão direta entre o governo e o PT com esses perfis sugere uma coordenação das atividades digitais a partir do Palácio do Planalto. Nos encontros matinais, são discutidos temas como tragédias, ações do governo, pesquisas de aprovação e reações a reportagens jornalísticas.
O deputado Jilmar Tatto (PT-SP), que também atua como secretário nacional de comunicação do partido, revelou a existência dessas reuniões diárias, enfatizando que são baseadas em metodologia e expertise. Ele ressaltou que, às 8h da manhã, membros do PT, da delegação nacional, da liderança partidária e da Secom do governo Lula se reúnem para decidir os temas do dia.
Embora Tatto tenha minimizado a participação diária da Secom nessas reuniões, afirmando que ocorre “às vezes, dependendo do horário”, ele reconheceu a convocação ocasional de influenciadores para alinhá-los com os interesses do governo e do partido. Esses encontros têm como objetivo orientar as redes sociais do PT, englobando sindicatos, movimentos sociais, prefeitos, vereadores e deputados estaduais.