A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do “Arrozão” está se formando para investigar o leilão de compra de arroz importado realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Atualmente, a CPI já possui 126 assinaturas das 171 necessárias para ser protocolada. O presidente da Câmara, Arthur Lira, decidirá se a CPI será instalada ou não.
O requerimento para a CPI foi apresentado pelo deputado federal Luciano Zucco (PL-RS). O leilão em questão, realizado em 6 de junho, foi suspenso devido a suspeitas sobre a capacidade das empresas vencedoras de entregar o arroz. A suspensão ocorreu após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressar desconfiança sobre a idoneidade das empresas envolvidas, algumas das quais são acusadas de serem empresas de fachada.
Entre as principais vencedoras do leilão está a empresa Wisley A. de Souza, conhecida pelo nome fantasia “Queijo Minas”, que firmou um contrato para importar 147,3 mil toneladas de arroz, totalizando R$ 736,3 milhões. Outras empresas envolvidas são a Zafira Trading, ASR Locação de Veículos e Máquinas e Icefruit, que também arremataram grandes quantidades de arroz.
O governo justificou a necessidade do leilão para evitar desabastecimento devido às enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional de arroz. No entanto, produtores rurais e especialistas afirmaram que a colheita no estado já estava quase concluída e não havia risco de falta de arroz.
O cancelamento do leilão e as suspeitas de fraude levaram à demissão do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. Há suspeitas de que um ex-assessor dele tenha relações com sócios das empresas envolvidas no leilão.
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara convidou os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para explicar as suspeitas de fraudes no leilão. A Polícia Federal também iniciou uma investigação sobre possíveis irregularidades no processo.
A situação gerou tensões entre o governo e a bancada do agronegócio no Congresso, que agora exige mudanças no comando da Conab e apoia a instauração da CPI do Arroz caso essas mudanças não ocorram.