Após 64 dias de greve dos professores, as universidades federais do Brasil enfrentam desafios e divergências quanto ao calendário acadêmico de 2024. Algumas instituições optaram por suspender o calendário, enquanto outras continuam com suas atividades previstas, gerando debates intensos entre alunos e professores.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) realizou uma consulta em junho com as 54 universidades afetadas pela greve, questionando sobre a suspensão do calendário acadêmico.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, instituições como a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) decidiram cancelar o planejamento acadêmico deste ano. Este grupo de universidades prevê encerrar o calendário de 2024 somente em 2025, visando ajustar os impactos da greve.
Por outro lado, universidades como a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) optaram por continuar com o calendário acadêmico. Essa decisão gerou protestos na UFPB, onde alunos e professores se manifestaram contra a resolução do reitor Valdiney Gouveia.
Algumas instituições ainda estão em debate interno sobre a melhor abordagem a ser adotada. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que encerrou a greve no dia 10 de junho, planeja concluir o calendário de 2024 em fevereiro de 2025.
A greve, que começou em 15 de abril, envolve professores de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais de todas as cinco regiões do país. As demandas incluem recomposição salarial e maiores investimentos nas instituições.
Mesas de negociação com a participação do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos têm sido realizadas, mas até agora todas as propostas foram rejeitadas pelos educadores.
O MEC informou que os servidores pedem um aumento salarial de 3,69% para agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% para maio de 2026. O governo, por sua vez, oferece 9% para janeiro de 2025 e 3,5% para maio de 2026, argumentando que não há condições financeiras para melhorar a proposta.
Com a continuidade da greve, o futuro do calendário acadêmico nas universidades federais permanece incerto, refletindo as complexidades e tensões entre as demandas dos professores e as capacidades financeiras do governo.