A Polícia Federal (PF) apontou que aliados do deputado federal André Janones (Avante-MG) mentiram em depoimentos sobre a prática de “rachadinha” no gabinete do parlamentar. De acordo com um relatório acessado pelo colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, os depoimentos dos assessores e ex-assessores de Janones apresentaram “inconsistências” e contradições significativas.
A PF destacou que Alisson, ex-auxiliar legislativo de Janones, demonstrou dificuldade em explicar suas transações financeiras, alegando que preferia realizar saques em espécie por não ser adepto das transferências eletrônicas. Apesar de Alisson afirmar que nunca devolveu dinheiro, a PF identificou que ele havia sido gravado confirmando a prática de “rachadinha”. Ele alegou que mentiu na gravação para evitar que outro assessor, Fabrício, lhe pedisse dinheiro emprestado, mas essa justificativa se mostrou inconsistente com outras declarações.
Contradições e Incoerências
O relatório aponta que Alisson afirmou que Fabrício o aconselhava a juntar dinheiro para a campanha, mas ao mesmo tempo, ele dizia que estava “juntando dinheiro para a campanha” para justificar que não estava devolvendo dinheiro. Essas contradições foram destacadas pela PF como evidências de depoimentos não verídicos.
Declarações de Kamila Carvalho e Jéssica de Souza
Kamila Carvalho e Jéssica de Souza, assessoras de Janones, também apresentaram declarações inconsistentes. Kamila disse ter orientado Janones a desistir da cobrança de devolução dos salários, enquanto Jéssica afirmou que nunca mais discutiu o assunto com Janones após uma reunião cuja gravação foi divulgada. Ambas as assessoras, junto com Mario Celestino Junior, outro assessor de Janones, foram acusadas pela PF de não falarem a verdade em seus depoimentos.
Gravação de Áudio
Em um áudio de uma reunião com assessores, Janones teria pedido a devolução dos salários para “reconstruir seu patrimônio”. Esta gravação foi um ponto central do relatório da PF, que aumenta a pressão sobre o parlamentar na esfera policial.
Um relatório do deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), que também é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo com o apoio do PT, ajudou Janones a evitar um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. No entanto, as investigações da PF continuam a avançar, sugerindo um crescente cerco em torno do parlamentar.
