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Café mineiro fecha acordo de US$ 500 milhões com maior rede de cafeterias da China

O café produzido na Fazenda das Almas, em Cabo Verde, no Sul de Minas Gerais, alcançou um marco significativo ao ser incluído no acordo bilateral de exportação de café para a Luckin Coffee, a maior rede de cafeterias da China. A transação, no valor de US$ 500 milhões, foi firmada pela Agência Brasileira de Promoção à Exportação (ApexBrasil) em junho.

Virgolino Adriano Muniz, proprietário da Fazenda das Almas, expressou grande satisfação com a conquista. Na atividade desde 1980, quando assumiu a fazenda de seu pai, Muniz acredita que dois fatores são fundamentais para a produção de um café de qualidade: o ambiente e a escolha correta das variedades (cultivares). “Nossa região tem um clima ameno que favorece a qualidade. Para selecionar as variedades, contamos com dois campos de experimentos da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), que nos permitem avaliar a qualidade e a produtividade dos materiais testados”, explicou Muniz.

A Fazenda das Almas, situada entre 950 e 1.150 metros de altitude, segue rigorosos processos de rastreabilidade, um requisito essencial nas negociações de cafés.

Unidades Demonstrativas Selecionam as Melhores Cultivares

Os campos mencionados por Muniz são Unidades Demonstrativas que identificam as cultivares de café mais adequadas para cada região e para as necessidades dos produtores em relação à qualidade da bebida. “Temos projetos no Sul de Minas e no Cerrado Mineiro, além de um em andamento que abrange todas as regiões cafeeiras de Minas Gerais. Avaliamos cultivares da EPAMIG e de outras instituições de pesquisa, acompanhando a evolução dos cafés nas condições reais dos produtores”, explicou César Botelho, pesquisador da EPAMIG.

Manejo e Tratos Culturais Influenciam na Qualidade do Café

Adriano Muniz destaca que o manejo correto e a adoção de práticas agroecológicas agregam valor à produção. “Investimos em manejo e tratos culturais que influenciam a qualidade do café. Adotamos práticas agroecológicas e de agricultura regenerativa, escolhendo variedades mais resistentes e utilizando compostos e produtos biológicos”, afirmou.

Conquista de Clientes Internacionais

O lote vendido para a Luckin Coffee foi negociado pela SMC Specialty Coffees, armazém ligado à Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé). “Apresentamos o que temos de melhor aos compradores internacionais, destacando sustentabilidade, rastreabilidade e segurança alimentar. Temos clientes europeus e asiáticos que compram nosso café há mais de 20 anos”, assegurou Muniz.

Processo de Fermentação e Parceria com a EPAMIG

O café fornecido à empresa chinesa passou por um processo de fermentação, um método que a Fazenda das Almas tem aprimorado nos últimos cinco anos. “Estamos avaliando diferentes métodos e tempos de fermentação para diferenciar nossos cafés”, disse Matheus Muniz, filho de Adriano.

Adriano Muniz se surpreendeu positivamente com a importância das Unidades Demonstrativas. “Acompanhar a evolução das cultivares, produção, vigor, resistência a pragas e qualidade da bebida foi fundamental. Quero estreitar essa relação e continuar buscando cafés cada vez melhores”, afirmou.

O trabalho também inclui a avaliação de métodos de pós-colheita e da qualidade da bebida. “O Programa de Melhoramento da EPAMIG estuda a qualidade sensorial de novas amostras e identifica o potencial máximo das cultivares. Ter uma Unidade Demonstrativa como a da Fazenda das Almas nos permite estudar diversos processos pós-colheita, como a fermentação, que resultou no café vendido para a China”, finalizou Denis Nadaleti, pesquisador da EPAMIG.


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