Em junho, até o dia 20, investidores estrangeiros retiraram R$ 6,546 bilhões da B3, marcando o pior mês de junho desde 2007. No acumulado do ano, o saldo negativo é de R$ 42,438 bilhões, a maior saída de capital desde o primeiro semestre de 2020, quando o fluxo negativo foi de R$ 73,679 bilhões.
A retirada de capital é atribuída à falta de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos, e à deterioração fiscal no Brasil. A desvalorização do real, que acumulou uma queda de 3,7% em junho e 12% em 2024, também desmotiva os investidores.
Segundo analistas, a continuidade da alta dos juros nos EUA e os problemas fiscais brasileiros afastam o interesse dos investidores estrangeiros no curto prazo. Gilberto Nagai, da SulAmérica Investimentos, afirma que os investidores estão preferindo mercados mais estáveis, como o dos EUA.
Fernando Siqueira, da Guide Investimentos, destaca a necessidade de melhorar a credibilidade do Banco Central e reduzir ruídos políticos. Eduardo Carlier, da Azimut Brasil Wealth Management, observa que, desta vez, os fatores internos do Brasil estão pesando mais do que os externos na decisão dos investidores.
Os índices americanos S&P 500 e Nasdaq acumulam ganhos de 14,75% e 18,05% em 2024, respectivamente, enquanto o Ibovespa recua 10,24%.
Analistas acreditam que o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil pode melhorar no segundo semestre, caso o Fed comece a cortar juros, o que é esperado para setembro. No entanto, a Índia e a China são vistas como destinos mais atraentes para os investidores devido ao crescimento econômico.
A recente devolução da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins e a derrota política para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aumentam as preocupações com o equilíbrio fiscal do Brasil. A decisão do Copom trouxe algum alívio, mas o mercado ainda aguarda ações concretas para melhorar a política fiscal a longo prazo.
