Em uma entrevista ao Estadão, o ex-diretor da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, conhecido como Boni, revelou que a emissora tem um viés político de esquerda e que a direção da TV Globo possui uma clara antipatia pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Boni, que trabalhou na Globo por décadas e agora preside a TV Vanguarda, afiliada da emissora em São José dos Campos (SP), essa percepção é baseada tanto na cobertura jornalística quanto nas preferências internas da emissora.
Boni destacou que, embora a Globo mantenha um padrão de jornalismo de alta qualidade, ele acredita que sua linha editorial tende mais à esquerda. “Acompanho o jornalismo da Globo, de altíssima qualidade, assim como o da Band, da Cultura, da CNN, da ABC… Mas a redação da Globo, me parece, e falo como um mero espectador… Acho que o caminho da Globo é mais à esquerda”, afirmou.
O ex-diretor também comentou sobre o impacto das decisões editoriais da Globo em eventos políticos passados. Ele se referiu ao debate presidencial de 1989 entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, no qual a emissora, segundo Boni, manipulou a edição a favor de Collor. O resultado foi a vitória de Collor, que, posteriormente, foi afastado do cargo por impeachment. Boni admitiu que a Globo se arrependeu de ter favorecido Collor e passou a transmitir debates ao vivo para evitar manipulações futuras.
Em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Boni revelou que a atual direção da Globo possui uma forte resistência a ele. “O pessoal é muito anti-Bolsonaro. Não é nem a favor do Lula. Eu não conheço ninguém na direção da TV Globo que seja politicamente partidário do PT, nem do Lula. Mas sei que todo mundo tem uma resistência muito grande ao Bolsonaro”, disse Boni.
A declaração de Boni lança luz sobre as dinâmicas internas da TV Globo e suas influências políticas. A emissora, que desempenha um papel significativo na mídia brasileira, é frequentemente analisada e criticada por sua abordagem editorial e suas supostas inclinações políticas. A entrevista de Boni oferece uma perspectiva sobre como essas questões podem moldar a cobertura de eventos políticos e a percepção pública da emissora.
