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Megaincêndios na Amazônia aceleram risco de colapso do bioma, aponta estudo

Os megaincêndios na Amazônia estão acelerando o risco de colapso do bioma, revela um estudo recente. A queimada que começou em 8 de agosto já devastou mais de 67 mil hectares na Terra Indígena Kayapó, no Xingu, uma área equivalente ao tamanho de Florianópolis. Esse evento é apenas uma das várias frentes de fogo na Amazônia, onde os incêndios têm se tornado cada vez mais frequentes e intensos.

Erika Berenguer, cientista sênior da Universidade de Oxford, afirma que a região está entrando na “era dos megaincêndios”, fenômeno que foi observado pela primeira vez no Brasil em 1998, durante o El Niño. Este fenômeno, assim como os eventos atuais, prejudica a incidência de chuva na Amazônia e é exacerbado pelas mudanças climáticas.

Entre janeiro e agosto de 2024, mais de 1,77 milhão de hectares de floresta foram queimados, representando cerca de 33% do total atingido. O número de focos de incêndio em setembro já ultrapassou os 30 mil, o maior número registrado desde 2010. A seca extrema e o aumento das temperaturas estão tornando a floresta mais inflamável, o que contribui para a rápida propagação dos incêndios.

Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, alerta que estamos próximos do “ponto de não retorno” para a Amazônia, especialmente na porção sul da região. Se a destruição continuar, o bioma poderá atingir um ponto irreversível até 2050, resultando em uma alteração drástica e irreversível em suas características.

A degradação da floresta, exacerbada pelos incêndios, também é uma preocupação. A mata degradada, que perdeu suas árvores maiores e se tornou mais suscetível ao fogo, armazena significativamente menos carbono do que a floresta intacta. Estudos indicam que 38% das áreas restantes da Amazônia continental já estão degradadas.

O aumento das queimadas não é apenas uma consequência das mudanças climáticas, mas também uma estratégia de apropriação de terras públicas. André Lima, secretário do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, observa que o fogo está sendo usado para desmatar áreas e criar pastagens, especialmente em locais onde a fiscalização ambiental está presente.

As especialistas afirmam que será possível confirmar se os incêndios estão sendo usados como método de grilagem apenas após a temporada de queimadas, quando se poderá observar se essas áreas foram convertidas em pastagens ou plantações.


 

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