Milena Polini, líder do setor de internacionalismo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), expressou sua decepção com a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao governo de Nicolás Maduro. Em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), Milena criticou a decisão de Lula de não reconhecer Maduro como o vencedor da eleição na Venezuela, considerada fraudulenta por muitos na comunidade internacional.
“Para nós, é triste a posição do governo Lula; para nós, do MST, seria muito mais proveitoso e importante se ele estivesse ao lado do Maduro”, afirmou Milena. Ela destacou a diferença entre as posições do MST, do PT e do governo Lula, sublinhando que o movimento não compartilha totalmente das decisões políticas do governo atual.
Lula, em recente entrevista, classificou a situação na Venezuela como um regime “muito desagradável”, mas não declarou Maduro como presidente reeleito. Milena, por sua vez, comparou a Venezuela a outros territórios do Sul Global em disputa, como a Palestina e a Ucrânia, e afirmou que o MST mantém uma brigada de trabalho na Venezuela, com planos para novos projetos de produção de alimentos no país.
Durante o festival de L’Humanité, em Paris, Milena também abordou a relação do MST com o governo Lula. Ela criticou a bancada ruralista por impedir a implementação completa do projeto vencedor das eleições de 2022, que previa a preservação ambiental e a ampliação das políticas públicas. Milena ressaltou a necessidade de uma organização social mais robusta para a concretização dessas políticas.
Sobre as queimadas no Brasil, Milena assegurou que foram coordenadas e intencionais, sem, no entanto, mencionar os alertas emitidos pelo Ministério do Meio Ambiente ao Executivo sobre a iminente catástrofe.
Milena Polini, presente no festival de L’Humanité, também observou que a população francesa demonstrou preocupação com a situação ambiental no Brasil, incluindo as queimadas que afetam o país.
