O presidente Javier Milei obteve neste domingo (26) uma das vitórias mais significativas desde o início de seu governo. Com mais de 40% dos votos válidos, o partido A Liberdade Avança (LLA) venceu as eleições legislativas de meio de mandato na Argentina, ampliando a base do governo no Congresso e fortalecendo sua agenda de reformas econômicas e administrativas.
De acordo com dados oficiais do Ministério do Interior argentino, com 95% das urnas apuradas, o LLA conquistou 64 novas cadeiras na Câmara dos Deputados, atingindo 40,84% dos votos. A principal força opositora, o peronismo — reunido no partido Força Pátria — obteve 24,50% e garantiu 31 cadeiras. O bloco Províncias Unidas, que tenta se posicionar como alternativa à polarização política, ficou em terceiro lugar, com 5,12% dos votos (cinco cadeiras).
O resultado foi comemorado por milhares de apoiadores em frente ao bunker do partido, em Buenos Aires.
“Milei, querido, o povo está contigo!”, gritavam simpatizantes.
“Estou muito animado, gritei como se fosse o gol do Mundial”, relatou o consultor de marketing Facundo Campos, de 38 anos, à agência AFP.
📊 Congresso redesenhado e avanço do liberalismo
A eleição renovou 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 das 72 vagas no Senado. O partido governista liderou a votação em boa parte das províncias argentinas, inclusive em Buenos Aires — onde havia perdido as eleições locais em setembro, por mais de 14 pontos de diferença.
No Senado, a Liberdade Avança liderou em seis das oito províncias que tiveram eleição, conquistando 13 das 24 cadeiras em disputa. Com esse resultado, o governo se aproxima do um terço necessário nas duas casas legislativas para blindar vetos presidenciais, embora ainda precise de alianças para aprovar reformas estruturais, como as privatizações e o corte de gastos públicos.
💰 Vitória ameniza crise e pressões externas
O resultado eleitoral também traz alívio político e econômico ao governo, que vinha enfrentando pressões do mercado e condicionamentos externos, especialmente dos Estados Unidos.
Nas últimas semanas, o presidente americano Donald Trump teria condicionado o apoio financeiro e um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões ao desempenho eleitoral de Milei, segundo fontes próximas ao Tesouro argentino.
A vitória, portanto, reforça a confiança do investidor internacional e reduz o risco de nova crise cambial, após meses de desvalorização do peso argentino e queda nas reservas do Banco Central.
⚖️ Desafios e escândalos no entorno do governo
Apesar da conquista nas urnas, Milei ainda enfrenta desafios. A popularidade do governo sofreu abalos recentes com denúncias de corrupção envolvendo a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, irmã do presidente.
O episódio provocou desgaste político e foi apontado como uma das causas da derrota peronista em Buenos Aires, principal colégio eleitoral do país.
Agora, com a vitória nacional, o presidente tenta retomar o controle político e dar fôlego às suas reformas de desregulamentação econômica, corte de subsídios e privatizações — pilares do programa ultraliberal que prometeu durante a campanha.
🔍 Panorama geral das eleições argentinas 2025
| Partido/Bloco | % de votos | Cadeiras conquistadas |
|---|---|---|
| Liberdade Avança (LLA) | 40,84% | 64 |
| Força Pátria (Peronismo) | 24,50% | 31 |
| Províncias Unidas | 5,12% | 5 |
| Frente de Esquerda | 2,71% | 3 |
Com a nova configuração parlamentar, Javier Milei ganha impulso político para tentar aprovar seu plano de reformas estruturais, visto como essencial para tirar a Argentina da crise fiscal e cambial. Ainda assim, a governabilidade dependerá da habilidade do presidente em negociar com forças independentes e evitar novos choques com o Congresso e os sindicatos peronistas.
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