A eleição presidencial chilena vai para um segundo turno no dia 14 de dezembro, com os candidatos Jeannette Jara, do Partido Comunista, e José Antonio Kast, do Partido Republicano, liderando a disputa. No primeiro turno, Jara ficou à frente, mas pesquisas sugerem uma virada favorável à direita nessa fase decisiva.
Com 26,8% dos votos apurados com quase todas as urnas contabilizadas, Jara conquistou a liderança inicial, enquanto Kast obteve cerca de 24%.
No entanto, um levantamento realizado pela AtlasIntel entre 10 e 14 de novembro com 3.118 eleitores projeta que, em um eventual segundo turno, Kast abriria uma vantagem significativa: 49% a 39%, uma diferença de dez pontos percentuais.
Por que o cenário favorece Kast?
A ascensão de Kast até esse segundo turno é atribuída a dois fatores principais:
- Desgaste do governo Boric: O mandato do presidente Gabriel Boric sofreu desgaste, especialmente pela frustração popular com a não aprovação da nova Constituição, o que reacende desconfiança institucional.
- Alianças conservadoras: Após o primeiro turno, rivalidades direitistas se uniram. Candidatos como Johannes Kaiser e Evelyn Matthei, que obtiveram respectivamente cerca de 13,9% e 13% dos votos, declararam apoio a Kast.
A união da direita é vista por analistas como decisiva: somando todos os votos conservadores, Kast ultrapassa a marca simbólica de 50%, reforçando seu favoritismo para dezembro.
Quem são os candidatos do embate final
José Antonio Kast
- Tem 59 anos, é advogado, fundador do Partido Republicano e disputa a Presidência pela terceira vez.
- Sua plataforma é marcada por propostas duras de segurança e imigração: ele defende o fechamento das fronteiras para imigrantes sem documentação, a criminalização da entrada ilegal, o aumento do sistema prisional, redução de impostos e um maior envolvimento das parcerias público-privadas em setores como educação, saúde e habitação.
Jeannette Jara
- Aos 51 anos, é administradora pública e advogada, tendo sido ministra do Trabalho no governo Boric até abril de 2025.
- Entre seus feitos está a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais. No plano de governo, ela propõe: salário mínimo alto, criação de uma Empresa Nacional de Lítio, reforço da segurança com prisões e envolvimento das Forças Armadas nas fronteiras, aumento da arrecadação e controle da dívida pública, além de medidas para baratear medicamentos essenciais.
Contexto político e econômico adicional
- A economia reagiu: após o primeiro turno, o peso chileno se valorizou mais de 1% e os mercados locais mostraram otimismo com a possibilidade de uma presidência mais amigável ao setor financeiro, caso Kast vença.
- A imigração, especialmente de venezuelanos, tornou-se um tema central da campanha. Kast tem usado casos de criminalidade ligados a imigrantes para sustentar sua agenda de segurança rígida.
- Apesar de liderar a primeira volta, Jara reconhece o desafio de ampliar seu apoio. Em discurso recente, ela pediu para que seus eleitores não cedam ao medo, afirmando que as soluções propostas por Kast podem ser mais radicais do que o próprio aparato de segurança existente.
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