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Áudios vazados –  Mauro Cid alega ter sido coagido pela PF a depor

Segundo o material divulgado pela Veja, Cid aparenta ter sido pressionado a revelar detalhes de reuniões e conversas ocorridas no final de 2022

Uma série de áudios trazendo a voz de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), vieram à tona na noite de quinta-feira (22), onde o tenente-coronel afirma ter sido coagido a delatar seu ex-chefe durante depoimento à Polícia Federal. Além disso, ele critica abertamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de possuir poderes absolutos para ordenar prisões ou libertações a seu bel prazer.

Os áudios, todos em tom de desabafo, foram divulgados pelo site da revista Veja, porém, não há esclarecimentos sobre como foram obtidos, nem se foram submetidos à perícia. Segundo a reportagem, a gravação teria ocorrido durante uma conversa entre Cid e um interlocutor após 11 de março de 2024, data em que o tenente-coronel prestou depoimento à Polícia Federal. O nome do interlocutor não foi revelado.

Em um dos áudios, Cid faz críticas ao ministro Alexandre de Moraes e diz que a sentença contra Bolsonaro já estaria pronta.

“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, diz um trecho da conversa de Cid com um amigo.

Em outro trecho, ele disse ter se sentido coagido a depor, sendo acuado pelos agentes da Polícia Federal.

“Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam. E toda vez eles falavam: ‘Olha, a sua colaboração está muito boa’. Tipo assim, ele até falou: ‘Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por 9 negócios de vacina, 9 tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa e mais um termo lá. Só essa brincadeira são 30 anos pra você’. “Eu vou dizer pelo que eu senti: eles já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar. E eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, disse o tenente-coronel.

Segundo o material divulgado pela Veja, Cid aparenta ter sido pressionado a revelar detalhes de reuniões e conversas ocorridas no final de 2022 dentro do núcleo central do governo anterior. Em sua delação, ele menciona relatos de oficiais militares de alta patente em contato com Bolsonaro para discutir a possibilidade de decretar estado de sítio. Segundo informações da Polícia Federal, o objetivo seria impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos [de prisão]. Porque eu estou em vacina, eu estou em joia”, disse.

Em um dos áudios, Cid revela uma chateação por ter sido, segundo ele, a pessoa mais prejudicada pelas investigações contra o ex-presidente Bolsonaro, o único cuja família foi envolvida na história.

“Quem mais se fudeu fui eu. Quem mais perdeu coisa fui eu. Pega todo mundo aí. Ninguém perdeu carreira, vida financeira como eu perdi”, disse Mauro Cid, que também citou Bolsonaro. “O presidente teve pix de milhões, ficou milionário”.

Em nota, o advogado de Mauro Cid se manifestou e disse lamentar a divulgação de áudios particulares do militar que, segundo eles, seriam um desabafo. A defesa também alegou que, em nenhum momento, Cid teria comprometido sua delação com a Polícia Federal e nem colocado em dúvida a parcialidade dos investigadores e julgadores. Confira a nota:

“Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”

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