A crescente desarmonia entre os Três Poderes no Brasil foi tema de um editorial contundente no jornal Estado de São Paulo nesta quinta-feira (18). O texto aponta que os princípios de “freios e contrapesos” que sustentam a República foram substituídos por uma dinâmica de “pressão permanente” e “aceleradores”, onde os interesses públicos muitas vezes cedem lugar ao “ânimo vingativo” de cada Poder.
Segundo o editorial, cada um dos Poderes tem se dedicado mais a suas agendas próprias do que aos interesses coletivos, muitas vezes confrontando-se ou se aliando de forma oportunista, especialmente em um contexto político polarizado durante o ano eleitoral.
O jornal aponta falhas em todos os lados: o Supremo Tribunal Federal (STF) avança sobre temas que competem ao Legislativo, o Parlamento aprova medidas redundantes para contrapor o STF, e o Executivo, sem uma base de apoio sólida, recorre ao Judiciário para reverter derrotas políticas.
O editorial critica também a instrumentalização da política, como evidenciado no recente jantar entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do STF, onde se discutiram estratégias de apoio mútuo em meio à crise de reputação.
O Estadão enfatiza que divergências são naturais em uma democracia, porém, o que se observa atualmente no Brasil é um “ativismo frenético” que ameaça a estabilidade institucional.
Por fim, o jornal conclui fazendo um apelo à autocontenção por parte dos Poderes da República, alertando que a ausência de freios e contrapesos pode levar a mais conflitos e desgastes institucionais.
