23.8 C
Belo Horizonte
InícioBrasil & MundoGoverno Lula estabelece sigilo de 100 anos em mais de 1.000 pedidos...

Governo Lula estabelece sigilo de 100 anos em mais de 1.000 pedidos de informação

Dentre os pedidos colocados sob sigilo, estão a agenda da primeira-dama, Janja Lula da Silva

No ano de 2023, o governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rejeitou 1.339 solicitações de informações utilizando a Lei de Acesso à Informação (LAI), justificando a presença de dados pessoais sensíveis. Na prática, essa decisão impõe um sigilo de 100 anos sobre os documentos requisitados. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Dentre os pedidos colocados sob sigilo, estão a agenda da primeira-dama, Janja Lula da Silva; comunicações diplomáticas relacionadas ao ex-jogador Robinho, condenado na Itália por estupro; e a lista dos militares do Batalhão de Guarda Presidencial que estavam de serviço durante o ataque ocorrido em 8 de janeiro.

O número de casos de informações colocadas sob sigilo pelo governo Lula equivale ao registrado durante todo o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando se compara o último ano da gestão Bolsonaro com o primeiro ano do governo petista. Em 2022, a administração de Jair Bolsonaro negou 1.332 pedidos alegando conter informações pessoais, o que representa uma diferença de apenas sete casos.

Conforme estabelecido pela Lei de Acesso à Informação (LAI), “informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem terão seu acesso restrito pelo prazo máximo de 100 anos a contar da sua data de produção”.

Em resposta, a Controladoria Geral da União (CGU) declarou que o governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro, aplicava o sigilo de 100 anos de forma indevida e que existem razões legítimas para a aplicação desse sigilo, dependendo do caso em questão.

A CGU também reiterou a implementação de medidas pelo governo atual para garantir uma maior transparência. De acordo com a nota oficial emitida:

“No governo atual, em cumprimento ao Despacho Presidencial de 1º de janeiro de 2023, que ordenou a revisão de atos que impuseram sigilo indevido a documentos de acesso público, a CGU identificou os principais casos que requeriam reavaliação e, eventualmente, revisão, especialmente em recursos de terceira instância, onde a restrição com base no art. 31 da Lei de Acesso à Informação (LAI), que trata de informações pessoais, havia sido possivelmente feita de forma genérica e equivocada.

Como resultado desse trabalho, foram elaborados 12 enunciados temáticos sobre situações concretas que podem ser objeto de pedidos de acesso, sendo que 8 deles referem-se ao tema citado. Nesse processo, foram revisados 252 casos de sigilo aplicados indevidamente.

A partir desse levantamento, foi possível verificar que o governo anterior invocava a proteção a dados pessoais e o artigo 31 da LAI como pretexto para deixar de divulgar informações que, pela Lei, deveriam ser públicas. Isso é o que ocorreu, por exemplo, em casos de agendas públicas, registros de entradas e saídas de prédios públicos, processos administrativos, entre outros que se notabilizaram no último governo.

Nada disso significa que o artigo 31 da LAI tenha deixado de existir. A negativa a pedidos de acesso à informação é realizada com base em análise de cada caso concreto, e há razões legítimas para que seja empregado a depender do caso.

Além de ter revisto e normatizado a imposição de sigilos de maneira indevida com fundamento no artigo 31 da LAI, a CGU adotou uma série de medidas estruturantes para promover a transparência.

Assim, nós aprimoramos o decreto da LAI e criamos o Sistema de Integridade, Transparência e Acesso à Informação e a Política de Transparência e Acesso à Informação, consolidando princípios e diretrizes, para superar o arcabouço normativo disperso e heterogêneo para ação governamental.

Também reestabelecemos e fortalecemos o Conselho de Transparência, Integridade e Combate à Corrupção, em que contamos com diálogo e participação da sociedade civil para a formulação de nossas políticas de transparência e enfrentamento à corrupção. O Conselho reuniu-se 4 vezes em 2023, e estabeleceu um Plano com ações de 4 Grupos de trabalho com representantes governamentais e da sociedade civil que estão atuando e devem entregar seus resultados em breve.

Finalmente, como a LAI é aplicada por pessoas em todos os órgãos e entidades públicos brasileiros, também estamos atuando para capacitar esses servidores públicos. Desde o início de 2023, capacitamos 2.269 servidores para a aplicação da LAI.”

RELACIONADOS
Feito com muito 💜 por go7.com.br