Durante um encontro com jornalistas latino-americanos em Kiev, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a postura do Brasil em relação à Rússia, chamando atenção para a aliança do governo Lula com o que ele chamou de “agressor”. O encontro ocorreu em um dos edifícios do complexo presidencial, onde medidas de segurança rigorosas transformaram um charmoso bairro da capital ucraniana em uma espécie de estúdio de cinema. Apenas moradores registrados, soldados e funcionários têm acesso, e os jornalistas devem deixar seus pertences em armários antes de entrar no palácio.
Contexto do Encontro
O prédio, de estilo imperial, é utilizado para receber visitas importantes. Durante quase uma hora, Zelensky compartilhou sua visão sobre o conflito com a Rússia, iniciada com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, condenada pelo Brasil na ONU. Ele expressou desejos de cooperação com países como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e El Salvador, mas reservou críticas para o Brasil, refletindo a perplexidade que existe na Ucrânia em relação ao governo Lula.
Críticas de Zelensky ao Brasil
Zelensky destacou que o Brasil deveria apoiar a Ucrânia e dar um ultimato à Rússia, criticando a aliança brasileira com o país agressor. Ele argumentou que, em tempos de guerra, os valores de vida, família e crianças devem prevalecer sobre considerações econômicas. “A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa,” afirmou Zelensky.
Reação Ucraniana à Política Brasileira
Há um consenso em Kiev de que o governo brasileiro adota uma postura pró-Rússia no conflito com a Ucrânia. A declaração conjunta entre Brasil e China sobre a guerra, durante a visita do assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, a Pequim, reforçou essa convicção. Zelensky expressou irritação com a posição do Brasil e criticou a ausência de Lula na reunião convocada pela Suíça para discutir o conflito. Ele questionou se o Brasil está mais próximo da Rússia do que da Ucrânia.
Relações Diplomáticas e Visitas Oficiais
A visita de Amorim à China foi apenas uma das iniciativas do governo Lula que incomodaram a Ucrânia. Amorim também visitou Moscou antes de chegar a Kiev, o que gerou desconfiança. Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, mantém uma agenda ativa com a Rússia e participará de uma reunião de chanceleres do BRICS na Rússia. O governo Zelensky ainda espera um convite para visitar o Brasil.
Apelo à União Europeia e Consequências da Guerra
Zelensky reiterou o desejo da Ucrânia de fazer parte da União Europeia e acusou Putin de tentar congelar o conflito. Ele também advertiu sobre as consequências de uma eventual queda da Ucrânia, sugerindo que poderia incentivar a supressão de países menores por nações maiores. A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, também apelou ao Brasil para participar da cúpula da paz na Suíça, ressaltando a importância de renovar as relações.
