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 Enchentes no RS alertam para a necessidade urgente de prevenir novos desastres naturais no Brasil

Em 2023, o governador Eduardo Leite e a prefeitura de Porto Alegre, sob comando de Sebastião Melo, foram avisados pela natureza de que precisavam prevenir desastres naturais no Estado. À época, e depois em 2024, especialistas detectaram falhas nas comportas, bombas e infraestrutura da capital gaúcha e região. Ninguém ouviu o recado das cheias de 2023 em terras gauchescas, inclusive com perdas importantes de vidas e propriedades. Então, em maio deste ano, a natureza – “quem avisa, amigo é” – voltou com mais força para devastar o extremo sul do Brasil. Porém, não é só o Rio Grande do Sul que esteve e está em perigo iminente de desastres ambientais. E isso precisa ser dito, e mais que isso, gerar ações.

De acordo com um levantamento do governo federal, 1.942 municípios no Brasil se localizam em locais de “risco recorrente para desastres climáticos”. Mas esse número provavelmente é muito maior e mais assustador. Tão tétrico como o fato de que, no mapeamento realizado pelo poder público em 2024, somente 142 cidades do Rio Grande do Sul aparecem como bastante vulneráveis a desastres naturais, como enchentes, deslizamentos, erosão do solo, queimadas etc. Ao mesmo tempo, as autoridades sabem que quase 500 municípios gaúchos foram impactados, em maior ou menor grau, pelas enchentes e deslizamentos de 2024.

Desta maneira, muitos municípios que estariam perigosamente expostos a desastres climáticos não se localizam no Rio Grande do Sul: Petrópolis, no RJ, e São Sebastião, no litoral norte de SP, por exemplo. Isso nos alerta, civis e governo, para a necessidade urgente de prevenir novas tragédias – na medida do possível. Se não podem ser totalmente previstas, certamente podem ser amenizadas através de obras e ações específicas, ainda que onerosas para os cofres públicos. Mas, mais onerosas sempre serão as obras de reconstrução de estragos não evitados.

Infelizmente, a terra brasilis, um “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” (Jorge Ben Jor) é alvo permanente e crescente de desastres ambientais também porque concentra alguns dos biomas mais importantes e ricos do planeta. A situação é mais crítica do que muita gente pode imaginar: o Cerrado, segundo maior bioma do território nacional, atrás da Amazônia, ultrapassou a Amazônia em área desmatada em 2023, segundo o MapBiomas.

Ainda de acordo com o MapBiomas, em 2023 o Cerrado correspondeu a 61% do território desmatado no país, diante de apenas 25% da Amazônia – o que, de maneira alguma, nos permite pensar em arrefecer os cuidados com o “Pulmão do Mundo”, que desperta o interesse econômico de vários países, interesses que podem ser devastadores. E, além do Cerrado e da Amazônia, o bioma da Caatinga, no Nordeste, vem sendo castigado por intempéries causadas pela exploração humana e por fenômenos como o aquecimento global, além da falta de infraestrutura nessa que é a região mais pobre do país, junto ao Norte.

O aviso mais alarmante foi dado em 2024: o terror das enchentes no RS continua, para quem acha que sobrou apenas o longo e duro soerguimento do Estado “afogado”. As chuvas seguem, milhares de desabrigados, desalojados e desaparecidos. A urgência em doações de vários itens, desde alimentação a vestimentas, até ração para os quase 10 mil animais resgatados. São quase 600 mil desabrigados, muitos perderam tudo, até a família.

Enquanto isso, o governo estadual conversa com o governo federal para chegar a soluções eficazes, após todo o flagelo ocorrido. Diante disso, precisamos aprender que prevenir é, mais do que nunca, melhor que remediar. É uma questão de sobrevivência de muita gente, do nosso país, do mundo. Políticas ecológicas, econômicas e sociais precisam ser revistas ao redor do globo, e notadamente no Brasil. Ou teremos de conviver com situações ainda piores, inimagináveis. A natureza grita – nós estamos ouvindo? E, se ouvimos, o que estamos fazendo?


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