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“iFood é comida de rico”, ela disse

Gente. Eu estou estarrecida. Pálida. Esmaecida. Como é que a comida por entrega (delivery) se tornou tão cara no Brasil? Notadamente após a pandemia, quando as entregas foram às alturas e ali ficaram, e mais ainda em 2024. O caso mais grave me parece o do iFood. Como é que um hambúrguer vale 4o a 140 reais, mais entrega? E o tamanho, quase uma almôndega comparado ao que já experimentei em hambúrgueres por delivery. Já um doguinho, aquele cachorro-quente básico, uns 39 (muitas vezes, tamanho e espessura de no máximo 5 centímetros). Uma pizza básica, sem carne, M, sem entrega, 40, com carne, 50 ou 60. E uma Coca-Cola, 7 reais. Juro que comprava por 2,50 no mercado há um ano, 350ml, no máximo 3 reais 600ml. E juro que pagava um “torradão” enorme – que hoje diminuiu de tamanho e aumentou de preço, por apenas 10 reais + 5 de entrega. Talvez 3. Hoje, são 10. Mas 10 ainda é transporte barato em delivery, há entregas de 30 reais ou mais!

 

Minha mãe é uma pessoa inteligente e sábia. Porque não basta ser inteligente, como ela é, sobejamente, corroborada por estudos psicológicos (nem precisava). Minha mãe é sábia – nem sempre, mas é. E ela me disse, há um tempo: “iFood é comida de rico”. Ela, e meu pai, que estão longes de serem os ditos pobres da população brasileira, e por mérito próprio, pagando todo o monte Fuji de impostos para sustentar a maior máquina pública do mundo, a mais corrupta, dada a quantidade de membros e casos, e a mais… A menos capitalista, neoliberalista e meritocrática dos últimos anos no Brasil.

 

Aqui, ministro é indicado para a Economia porque fez seis meses de Economia e sai taxando adoidado, sem ter dado certo antes; aqui, governo dos pobres troca a preposição, é “sobre” os pobres, não “para” eles. Uma elite de luxos. Sustentada por impostos que, hoje, são os maiores do mundo sob o consumo, quase 28%. Daí os preços exorbitantes no iFood, no delivery, na comida “ao vivo” e sobre tudo o que se consome no país capitalista mais socialista do mundo (depois da China, mas essa até que tem dado certo, porque sua indústria é robusta e não está em recessão como a nossa).

 

Ah, sai daqui, minion, você dirá. Como se precisasse ser “minion” para refutar um governo que conseguiu, além do maior imposto sobre consumo do mundo, fazer o Brasil se tornar o país mais endividado da América Latina em 2024, ultrapassando a Argentina que levou décadas de peronismo e socialismo ditatorial para chegar lá. Cuja moeda, o Real, é uma das mais desvalorizadas do planeta em 2024, e segue em queda-livre. Cujos impostos crescem como um tsunami voraz para cobrir o histórico rombo econômico do governo, além dos gastos mensais com a tal maior e mais luxuosa máquina política do planeta.

 

É tanto imposto que a gente tem de se atualizar todo dia no jornal, na Internet, no iFood. Hoje é um preço, amanhã é outro. Só seu salário não aumenta. E as verbas para Educação, pesquisas, Saúde – estas, foram cortadas em 2024. Há coisas mais importantes, tipo, impostos para a maior máquina política do planeta, incluindo o Judiciário estratosfericamente mais caro da galáxia.

 

Arre! Estou farta de semideuses, como disse Fernando Pessoa. E de impostos! Impostos sobre o consumo! E, além disso, “aproveitadores” que vendem no iFood e em outros estabelecimentos comerciais de outros deliverys, ou vendedores presenciais de comida, que alguns colocam o valor alto mesmo porque querem lucrar mais, embora taxados com rigor.

 

Mas eu falava no iFood. Como está caro o iFood. “Amor, hoje vou lhe dar um presente de aniversário: compre iFood. É coisa rara, hein? Aproveite. Só um hambúrguer. Na promoção.” “Compre na Temu, mas apenas a promoção mais barata, caiu a taxa das blusinhas, você sabe.” Compre nestas lojas que estão falindo como dominós, mas em suaves parcelas com juros do tamanho de dinossauros roedores de dinheiro.

 

Pô, eu só queria meu torradão. E minhas fritas com preço de fritas, não de batatas de um restaurante francês. Meu hambúrguer normal, era uns 20 reais, do tamanho de uma pequena torre. Eu só queria não pagar 7 reais para adicionar um ovo ou queijo no iFood. E cada adição vai levando o preço seu pedido à altura de um arranha-céus em Dubai. Ah, como devem comer bem os shakes em Dubai! Lá, podem cobrar caro, o povo tem poder de compra. As regras são seguidas pelo governo, ainda que rígidas e religiosas, e pela população. A polícia funciona, o sistema político funciona, assim como em muitos países. Não há endemia de corrupção, o povo não tem de carregar a tal máquina política mais cara e luxuosa do planeta em 2024, sorte que as comidas do iFood estão cada vez mais leves, no peso, não no custo.

 

Tudo tem um lado bom: as comidas estão menores e mais leves. Podemos carregá-las com facilidade, comê-las rapidamente. Claro, pelo dobro do preço de quando eram maiores e mais pesadas. Em alguns casos, até mantiveram o preço, apenas diminuindo o produto. Tem acontecido com tudo: chocolates, pães de queijo, pastéis, coxinhas, não é só o iFood nem o delivery. É o Brasil, comidas que pesam pouco para impostos que pesam toda a Brasília sobre nossas costas.

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