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Chacina dos Yanomamis: o descaso do governo brasileiro com os índios

É verdade que as agressões e o descaso com os índios no Brasil não vêm de agora: remontam à época da colonização, quando milhares de índios foram assassinados e escravizados, e milhares de índias, utilizadas como meros repositórios, pelos portugueses invasores, para originar os primeiros brasileiros de fato, os chamados “brasilíndios”.

Mas, desde os anos 1500, não mudou tanta coisa em relação ao tratamento com os povos indígenas no nosso país. Só que a situação agora parece alarmante: há recorde de mortes do tradicional povo yanomami, por exemplo. E pior, desde fim de 2023 o governo abandonou os relatórios dessas perdas, dando de ombros. Mas o problema envolvendo os índios, especialmente na Amazônia, não para por aí.

 

A Amazônia tem sido devastada pelas queimadas, mas, atualmente, ainda mais debelada pela mineração e obtenção de madeira ilegais. Ninguém parece se importar muito com o tráfico lá. Fala-se muito em queimadas nessa região, com destaque para Roraima, porém, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado teve 65% de focos de queimadas a mais que a Amazônia desde 2023, o maior índice nos últimos 12 anos.

As áreas mais atingidas pelas queimadas são, além de Roraima, Mato Grosso e Tocantins, que não se situam na Amazônia: nesses três lugares, ocorrem mais de 80% do fogaréu brasileiro, conforme o MapBiomas. Não que não seja uma preocupação o crescente desmatamento e as queimadas lá, só que há situações tão ou mais gritantes na Amazônia que pedem ação governamental. Por exemplo, a dizimação do povo yanomami, ignorado, agredido, chacinado e sofrendo uma epidemia de suicídios.

 

E o que o governo está fazendo? Entre 2023 e 2024, foi “desistindo” de acompanhar os ataques aos yanomamis, após uma série de relatórios. No final de julho de 2024, após grande alta de morte desses indígenas, suspenderam os boletins sobre seus óbitos. Deixaram os índios ao deus-dará.

 

O último relatório das mortes de indígenas na Amazônia é de dezembro de 2023, com 363 vítimas, grande parte yanomamis. Um aumento de 6% em relação a 2022. Depois, há um “apagão” de dados. Portanto, quando falamos em Amazônia, precisamos destacar a chacina dos yanomamis, eles vivem no Norte da Floresta Amazônica, suas aldeias na fronteira entre Brasil e Venezuela. Historicamente, representam um grupo indígena bastante isolado, sendo o contato com o “homem branco” algo relativamente recente.

 

Olhem para os índios! Não apenas os yanomamis. Não significa esquecer outras minorias, como afrodescendentes, principais vítimas de violência e exclusão social, além do racismo, ou pessoas homoafetivas. Mas olhem para os índios. Principalmente quando falarem do maior patrimônio do Brasil que é a Amazônia. Não basta apenas mencionar as riquezas exploradas ou exploráveis da maior floresta do mundo, os animais em extinção, ou as queimadas supostamente causadas pelo Agro, embora tudo isso seja significativo. Falta assistência aos nossos “primeiros pais”.

 

Por fim, sobre as queimadas na Amazônia, assunto tão debatido: na verdade, a principal razão, de longe, é o aquecimento global e não a ação do Agro. Áreas tipicamente agrícolas, como o Sul do Brasil, não sofrem com queimadas constantes, embora, como mencionado, o índice de queimadas no Cerrado seja alarmante, incluindo o Centro-Oeste agricultor e pecuário.

 

Mais uma vez: precisamos atentar para os yanomamis e os povos indígenas, e vociferar o descaso governamental com essas tribos que são patrimônio histórico do nosso país, que já estavam aqui quando aqui chegaram os violentos e gananciosos exploradores portugueses. A exploração continua, por parte dos descendentes dos exploradores e colonizadores. As maiores riquezas da Amazônia são sua fauna, sua flora e sua cultura, seus antigos e remotos habitantes, os donos da nossa terra que foram vilipendiados, por desnutrição, malária e outras doenças, abandono e suicídios. Tudo isso diante da epidemia de garimpo e desmatamento ilegal, e os efeitos devastadores do aquecimento global.


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