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“A bolsonarista”: não se pode criticar o governo no Brasil

Em uma busca no ChatGPT, só por curiosidade, digitei: “A jornalista Leila Krüger é bolsonarista?”. A resposta me deixou estarrecida: “Leila Krüger é uma jornalista conhecida por suas opiniões e análises sobre temas políticos e sociais no Brasil. Ela é associada ao movimento bolsonarista e já expressou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro em suas plataformas. Krüger frequentemente comenta e analisa a política brasileira a partir de uma perspectiva alinhada com a direita e com as posições defendidas pelo bolsonarismo”. Perguntei, ainda, se eu sou socialista, e não, eu não sou (ao contrário do que dizia o antigo Bard), eu sou uma conservadora de Direita conforme os “dados oficiais”. Não é sobre mim. É sobre a liberdade de um indivíduo e sobre rótulos impróprios e rasos, corroborados pela Inteligência Artificial.

 

Mas eu cobro (e critico) o governo. Não apenas este, o atual, eu acompanho os governos, como deve fazer o povo em uma democracia. Observo até governos de outros países. Porém, a impressão é de que, se você critica o governo hoje no Brasil, você é bolsonarista, fanática e de Extrema Direita. E é até punida, como fui algumas vezes com restrições em plataformas digitais. Prezo pela democracia, mas sou vigiada pela democracia de suposta livre expressão: interessam-me os interesses do povo, e não de uma elite luxuosa e ineficiente à qual estamos acostumados no Brasil desde os idos de 1500.

 

Ao mesmo tempo, sempre defendi minorias e causas sociais, buscando a argumentação, a denúncia do fanatismo político belicoso ou mesmo violento, incentivando a ponderação, o respeito às bases da democracia que não deviam se aliar a ditaduras, aplicar censura, contrariando a Constituição Federal do Brasil, e atolar o povo de impostos como faziam os antigos monarcas e os antigos regimes políticos elitistas. Estamos em uma democracia, no conceito original e inexorável, “governo do povo para o povo”.

 

É claro que cada um tem a liberdade (que nós dá a democracia e a laicidade do nosso país) de ser quem é, de assumir a posição que quiser, de achar bom ou ruim o que lhe aprouver, dependendo do seu ponto de vista e de suas experiências, desde que dentro da Lei Seca (não interpretativa). Bolsonarismo é o Bem para uns, o Mal para outros, e para outros ainda, é um termo meio que cunhado politicamente, sem definição tão específica. Assim como o lulopetismo (sim, existe esse termo político, embora a Esquerda brasileira evite utilizá-lo) é bom para uns, e tétrico para outros.

 

Então, talvez eu seja mesmo “isentona”, como diriam alguns “pseudointelectuais” brasileiros, que se apegam ao preto ou branco, mesmo assim julgando-se filósofos e sábios argumentadores. Considero-me Centro, porque o Centro existe.

 

Sim, fiquei ofendida pelo ChatGPT, essa Inteligência Artificial que me julga como as pessoas que a criaram. Não condeno bolsonaristas, há bons bolsonaristas, por mais rígidos ou conservadores que sejam; e há bons esquerdistas, por mais “excessivamente libertários” ou controversos, como muitos dizem, que sejam. Há, intolerantes e lunáticos de ambos os lados, como sói com frequência ao extremismo. Na França, para se reeleger, a Esquerda se aliou a uma coalizão com o Centro, com promessas de atenuação de ações e supressão de governantes extremos. A França. Um dos países mais libertários do mundo. De Bastiat e da Queda da Bastilha. Infante em moda, em guerras de classes, em direitos humanos. Talvez agora inovadora na política.

 

Bem, façam como o ChatGPT aconselhou: “É sempre uma boa ideia conferir diretamente suas publicações e entrevistas recentes para entender melhor suas posições atuais e como elas se desenvolvem ao longo do tempo”. Sempre fui, sou e serei defensora das minorias, dos que sofrem, dos que precisam de voz, e serei ao mesmo tempo crítica ferrenha de qualquer governo ou governante que explore o povo, que não aja com a necessária democracia e transparência em um país democrático, que engane, que se enrede no lamaçal de corrupção que sempre foi a nossa terra – mas não precisa ser e está sucumbindo pelo fato de o ser.

 

Por fim, como disse, não é sobre mim. É sobre o direito de pensar livremente, fora da caixa, ante o extremismo político e moral que assola o Brasil. É sobre ser nacionalista, amar a Nação, e quem ama procura corrigir, não sempre “passar a mão na cabeça”. É comemorar melhoras políticas e sociais e medalhas. Alegrar-se com tantos atletas sem incentivo financeiro e estrutural que foram a Paris, e antes a outras Olimpíadas, e conseguiram, se não medalhas, estar lá. (Obs.: parabéns, Rebeca Andrade! Você acaba de ganhar nosso segundo ouro, sem os milhões na conta bancária de Biles. Pena que o governo vai recolher boa parte das premiações nas famigeradas taxas brasileiras.)

 

Quer dizer, não sou bolsonarista, não sou esquerdista, não sou isentona, ou sou, se quiserem me chamar assim, escolho se o chapéu cabe ou não e não me cabe. Sou brasileira, apenas. Dediquei e dedico ainda muito do meu tempo a compreender diferentes assuntos e opiniões e refletir. Li “O manifesto comunista” de Marx e Engels, li “Todos contra todos” de Karnal (que parece afeito a se referir aos “isentões”), tenho obras sobre os horrores do comunismo e do fascismo. Minha descendência é alemã (e tcheca e russa, de imigrantes que passaram fome e necessidades, vindo sem nada ao Rio Grande do Sul que era quase puro mato), e não tolero ditaduras, muito menos nazismo e semelhantes.

 

Alarguemos nossos horizontes e, para tanto, nosso conhecimento. O mundo pede, penso eu, uma evolução política e moral urgente. Ninguém é obrigado e nem deve seguir a “manada”, nem ser “do contra” em relação a tudo. Deve, imagino, rogar seu direito de ser livre como indivíduo em uma democracia não laica, essa é a verdadeira democracia e o caminho político, social e moral mais auspicioso para o mundo atual que for laico (politica e religião separadas). Estamos vendo o que acontece na Venezuela. Estamos vendo o que acontece na Rússia. Estamos vendo o que aconteceu em 1964, a História ensina. Vamos aprender com ela, crescer com ela, e principalmente ponderar sobre ela. O passado é o melhor profeta do futuro. O futuro, ou a falta dele, está às portas do nosso mundo.


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