A relicitação do trecho da BR-381/Fernão Dias que conecta Belo Horizonte a São Paulo já despertou o interesse de pelo menos três empresas. O leilão está marcado para 11 de dezembro, na B3, e deve encerrar a gestão da Autopista Fernão Dias S.A., do grupo Arteris, responsável pela rodovia desde 2008.
Com valor estimado em R$ 15 bilhões, o novo contrato adotará como critério de vitória o maior desconto no pedágio. A futura concessionária também precisará pagar R$ 295 milhões à atual operadora, como definido em negociações mediadas pela Secretaria de Consenso do TCU.
Contrato prevê dez anos de obras e modernização da rodovia
O acordo, que terá vigência até 2040, determina um ciclo intenso de intervenções nos primeiros dez anos. Estão previstos:
- 108 km de faixas adicionais;
- 14 km de vias marginais;
- 9 km de correções de traçado;
- 29 passarelas;
- 17 interseções remodeladas;
- 62 melhorias de acesso;
- 6 passagens de fauna;
- 2 áreas de escape;
- novos túneis.
Ao todo, serão R$ 9,5 bilhões em obras e R$ 5,39 bilhões em serviços operacionais. Somente nos três primeiros anos, a previsão é de R$ 3 bilhões em investimentos.
A execução será acompanhada por um verificador independente, contratado pela Infra S.A., que fiscalizará o cumprimento das obrigações durante os três primeiros anos de contrato.
Trecho é estratégico para a economia nacional
A Fernão Dias é um dos eixos logísticos mais importantes do Brasil. Segundo a ANTT, o segmento entre Contagem (MG) e Guarulhos (SP) concentra:
- 15% do PIB nacional,
- 40% da arrecadação líquida de Minas,
- 31% do PIB paulista.
Com 569 quilômetros e passagem por 33 municípios, a rodovia registra fluxo diário superior a 61 mil veículos por praça, sendo 37% caminhões — indicador que reforça a relevância da via para o transporte de cargas entre Sudeste e Sul do país.
Nos últimos anos, o trecho ganhou projeção nacional por registrar acidentes graves, gargalos logísticos e longos períodos de interdição, sobretudo em pontos onde o traçado sinuoso e taludes instáveis exigem modernização. O caso mais recente ocorreu próximo a Carmópolis de Minas, onde deslizamentos e erosões deixaram pistas fechadas por dias.
Repactuação tenta destravar obras paradas
A relicitação só foi possível após acordo entre o Ministério dos Transportes, a ANTT, a Arteris e a União, com mediação do TCU. Para o vice-presidente do tribunal, Vital do Rêgo, o modelo dá segurança jurídica e acelera investimentos represados:
“É uma ligação estratégica entre Minas e São Paulo. São medidas que devolvem infraestrutura de qualidade à população”, afirmou.
A Fernão Dias será a terceira concessão repactuada dentro do programa de otimização do Ministério dos Transportes, que busca atualizar contratos antigos, reduzir tarifas e melhorar o atendimento ao usuário.
A secretária nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, diz que o processo é parte de um esforço para “modernizar a malha federal com eficiência e transparência”.
O ministro Renan Filho ressaltou que o governo decidiu resolver pendências antigas antes de abrir novas concessões:
“Com a repactuação, garantimos tarifas menores, mais obras e segurança jurídica para novos investimentos”.
Leilões devem crescer em 2025 e 2026
O governo federal prevê 16 novas licitações em 2025, somando R$ 176 bilhões em investimentos. Se confirmadas as projeções para 2026, o total pode ultrapassar R$ 350 bilhões em obras de rodovias, ferrovias, aeroportos e hidrovias.
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