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A crise de saúde pública no Brasil em 2024 não pode mais esperar

O ano de 2024 é um triste capítulo na história da saúde pública no Brasil. Um combo de fatores, agravado pela ineficiência dos governos federal, estaduais e municipais, mergulhou o país em uma profunda crise sanitária. Nunca houve uma endemia tão severa de dengue, zika e chikungunya no país, por exemplo – apesar de o governo federal ter cortado 61% das verbas de prevenção a essas doenças, já durante a explosão de casos. Além disso, temos de lidar com várias cepas da – talvez onipresente daqui para sempre – Covid-19, mais gripes A e B, casos de raiva (hidrofobia) e febre oropouche, a qual é caracterizada por sintomas bastante parecidos com a dengue. Assomam-se a esse caos a falta de infraestrutura hospitalar, vacinas e verbas para combater os desafios hercúleos que a situação demanda.

Os casos de dengue já estão na casa dos milhões por todo o território nacional. Já se sabe que alguns dos mosquitos transmissores, da espécie Aedes aegypti, estão nascendo contaminados com dengue e zika ao mesmo tempo. Nesse contexto dantesco, pesquisas mostram que a porcentagem de óbitos por chikungunya, quase sempre tratada como “pouco perigosa”, é ainda maior que da própria dengue.

No tocante à ineficiência governamental, ela é gritante. Começou-se a vacinar tarde para dengue, por exemplo, somente em fevereiro de 2024, quando a endemia já vinha desde novembro ou dezembro de 2023. Faltam vacinas, como citado. São quatro cepas, e todas estão circulando no Brasil, aqui encontraram um “lar” para se desenvolverem livremente. Faltou e falta planejamento estratégico e incisivo na Saúde em nosso país, problema que já é antigo, mas, diante da proliferação de doenças este ano, se tornou gritante e impossível de ser ignorado.

Por outro lado, fala-se em escassez de recursos para tantas dificuldades. Será, mesmo? Sabemos que há um rombo histórico na economia brasileira em 2024, que tem como principais “muletas” do governo federal os impostos e taxas cada vez mais abusivos cobrados. Empobrecem cada vez mais o povo, deteriorando o potencial de Serviços e do Agro – que lideram as fontes do PIB nacional – e da indústria brasileira.

Segundo o IBGE, em 2021 o Brasil investiu somente 9,7% do PIB em Saúde, o que persiste em 2024 (para se ter uma ideia, em 2021 os Estados Unidos injetaram cerca de 18% em Saúde, em meio à pandemia). E o que é necessário dizer, e não se pode negar, é que os poucos recursos públicos no Brasil sempre foram muito mal utilizados (e suas utilizações, mal-explicadas), com desvios imensos de verbas e licitações suspeitas para empresas nada ilibadas. Isso, é claro, sem falar no pouco investimento em Saúde na nossa terra brasilis: parecem mais preocupados com as “emendas secretas”, renomeadas de “emendas adicionais”, para negociar cargos, projetos e alianças entre políticos e o Judiciário. São dezenas de bilhões nessa “brincadeira” (com o bolso do povo). .

Enfim, a crise sanitária na “terra onde canta o sabiá”, como poetizou Gonçalves Dias, é apenas um retrato da ineficiência e do descaso dos governos com o bem-estar social do povo. Além da saúde física, temos os crescentes casos de transtornos de saúde mental – já está comprovado que os países com maiores índices de suicídio têm mais injustiça social, pobreza e falta de qualidade na Educação. E é claro que não se pode culpar apenas quem governa o Brasil, embora sejam os maiores responsáveis e detentores de recursos na sociedade, mas não podemos deixar de lembrar que a união de esforços do poder público com a sociedade civil e profissionais de saúde é fundamental.

O povo pode e deve cobrar quem elegeu e quem os atende, principalmente na rede pública de saúde, e, ainda, procurar meios de conscientizar e auxiliar para que haja maior qualidade de vida e na assistência médica e psicológica no país. O povo jamais pode ter tolhido, em uma democracia de fato, sua liberdade de expressão e de crítica aos governantes: “democracia” significa, exatamente, “governo que emana do povo”, que é o ente que deve deter o maior poder de decisão e opinião em suas mãos.


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