A disputa territorial entre as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) foi identificada como a principal causa do aumento nos homicídios no Brasil entre 2010 e 2017, conforme o Atlas da Violência 2024 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse conflito se intensificou no Norte e Nordeste do país, onde a guerra pelo controle do narcotráfico provocou um significativo aumento de mortes violentas.
Daniel Cerqueira, técnico do Ipea, destacou que os homicídios no Brasil aumentaram notavelmente entre 2012 e 2017 devido à guerra do narcotráfico envolvendo PCC e CV. Esse conflito foi especialmente violento nas regiões de Alto do Juruá e na rota do Solimões, que são cruciais para a exportação de cocaína da Bolívia e Peru para outros continentes.
Minas Gerais, pela sua localização estratégica entre o Paraguai e São Paulo, tornou-se um território essencial para o tráfico de drogas controlado pelo PCC desde 2016. A malha rodoviária mineira é frequentemente usada pelos traficantes, e áreas rurais servem como pontos de abastecimento de aeronaves. Investigações indicam que Minas é o segundo estado com mais integrantes do PCC.
Recentemente, a violência entre PCC e CV aumentou em Minas Gerais. Em Contagem, vídeos mostram confrontos armados entre as facções. Em Teófilo Otoni, a população vive com medo após ameaças de invasão por parte de traficantes do CV. Até maio, a cidade registrou 27 assassinatos, oito a mais que em todo o ano de 2023.
Além disso, o Terceiro Comando Puro (TCP), aliado ao PCC, estabeleceu-se no aglomerado Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, ampliando a tensão.
O especialista Jorge Tassi explica que a escalada de violência é consequência da substituição de líderes das facções, mas eventualmente as facções negociam e estabilizam a situação. A contínua disputa entre PCC e CV demanda uma abordagem integrada das autoridades para proteger a população e restabelecer a ordem.
