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Minas Gerais registra aumento alarmante de 63% nas internações de bebês por desnutrição em 10 anos

Minas Gerais enfrenta um aumento alarmante de 63% nas internações de bebês por desnutrição grave na última década. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, 285 bebês foram hospitalizados por desnutrição, comparado a 175 em 2013, refletindo uma crescente crise alimentar e extrema vulnerabilidade das famílias em situação de pobreza no estado.

Nos últimos dez anos, a desnutrição causou 2.837 internações de bebês em Minas Gerais, um número três vezes maior do que o registrado para dengue (902) na mesma faixa etária e período. A presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Fabíola Suano, destaca a gravidade da situação: “Esses bebês estão na ponta do iceberg da fome. São casos inaceitáveis de extrema vulnerabilidade, associados a domicílios precários e falta de políticas de apoio às crianças.”

Suano explica que a desnutrição cria um ciclo vicioso onde complicações simples como diarreia ou pneumonia podem levar à morte em contextos de extrema pobreza. “Na pobreza e na fome, a mortalidade é muito maior, e o tempo de internação também. Embora a maioria se recupere, não é raro que o paciente retorne à hospitalização devido às condições precárias”, alerta.

O aleitamento materno é uma das principais estratégias para reduzir a mortalidade infantil. Segundo o Ministério da Saúde, a amamentação reduz em 13% os óbitos por causas evitáveis. Em Minas Gerais, a desnutrição resultou na morte de 118 bebês e crianças menores de 5 anos na última década.

A socióloga Danielle Fernandes, do Cedeplar da UFMG, ressalta que a desnutrição compromete o desenvolvimento físico e mental das crianças. “A falta de nutrientes adequados na primeira infância pode resultar em dificuldades acadêmicas e comprometimento da altura das crianças.”

A professora Luana Carolina Santos, da UFMG, adverte que a desnutrição pode levar a doenças crônicas e obesidade na vida adulta, situação exacerbada pela pandemia de Covid-19, que agravou a insegurança alimentar.

Glaziele Gomes Pires, mãe solo de três filhos, destaca a importância da merenda escolar e do apoio familiar para a sobrevivência de sua família. A subsecretária de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte, Darklane Rodrigues, confirma que as escolas municipais desempenham um papel crucial, oferecendo alimentação saudável e distribuindo cestas básicas para famílias vulneráveis durante as férias.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais ainda não comentou sobre o aumento das internações e as medidas a serem adotadas.


 

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