As facções criminosas em Minas Gerais têm intensificado o uso de métodos complexos para escapar da justiça e complicar investigações policiais. Nos últimos três anos, o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP) ampliaram sua presença em Belo Horizonte e região metropolitana, aperfeiçoando suas estratégias criminosas.
Fontes da Polícia Civil revelam que as facções têm utilizado matadores encapuzados, que frequentemente vêm de outras cidades, e veículos clonados, que são posteriormente incinerados para eliminar evidências. “Eles são especializados em apagar qualquer vestígio. Não há testemunhas e as câmeras não capturam nada, pois eles estão sempre encapuzados e os carros usados são queimados”, explica um policial civil.
A dificuldade de investigação é exacerbada pela falta de cooperação dos moradores das áreas dominadas pelas facções. “Os residentes temem represálias e, por isso, evitam testemunhar”, acrescenta o policial.
Os investigadores também enfrentam problemas logísticos, como a carência de viaturas descaracterizadas, essenciais para operações discretas. “Temos que pagar do próprio bolso pela manutenção dessas viaturas. A Justiça permite o uso de veículos apreendidos, mas não cobre os custos de manutenção”, denuncia um investigador.
Guaracy Mingardi, analista criminal, destaca que a dificuldade em resolver homicídios aumenta com o tamanho da cidade. “Em grandes capitais, os suspeitos têm mais facilidade para se esconder na multidão, e o tempo de deslocamento dos peritos prejudica a coleta de evidências”, afirma.
Em resposta, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que investiu R$ 32 milhões em reestruturação desde 2019 e adquiriu 1.211 viaturas. No entanto, a manutenção das viaturas descaracterizadas não é garantida pelo Estado. A instituição também ressaltou o fortalecimento da inteligência policial com a criação da Agência Central de Inteligência, buscando enfrentar os desafios impostos pelas facções.
