O mercado europeu enfrenta uma crescente estagnação de carros elétricos em estoque, com esses veículos permanecendo 52,5% mais tempo à venda do que os modelos a combustão. Um relatório da Indicata, empresa especializada em inteligência de mercado automotivo, revelou que os 100% elétricos também demoram 29,1% mais para serem vendidos em comparação com os híbridos plug-in, criando um descompasso entre oferta e demanda.
Essa desaceleração nas vendas está pressionando concessionárias e fabricantes a reavaliarem suas estratégias para evitar que o mercado seja inundado com veículos que os consumidores resistem em comprar. Além disso, a rápida depreciação dos elétricos na Europa aumenta essa resistência, especialmente no mercado de usados. Enquanto representam 12,6% das vendas de novos, os elétricos correspondem a apenas 5,18% dos usados.
No Brasil, um cenário semelhante pode se formar. Em julho de 2024, o estoque de veículos eletrificados importados atingiu um recorde de 81,7 mil unidades, segundo a Anfavea. Márcio Lima, presidente da entidade, destacou que 80 mil desses carros são de origem chinesa, alertando para um possível desequilíbrio entre oferta e demanda.
A Fenabrave ainda considera cedo para avaliar o impacto dessa tendência no Brasil, já que o mercado de elétricos representa menos de 1% das vendas de usados. No entanto, a preocupação cresce à medida que mercados como o dos Estados Unidos também reportam desvalorização de carros elétricos e um retorno à preferência por veículos a combustão.
A crise europeia pode antecipar desafios para o Brasil, à medida que o mercado local se adapta ao aumento de importações e à demanda instável por veículos eletrificados.
