O governo do Rio de Janeiro prepara novas fases da operação Contenção, que deve mirar os braços financeiro e político do Comando Vermelho (CV) — facção responsável por boa parte do tráfico e da violência armada no estado. A ofensiva ocorre após a ação policial mais letal da história do Rio, que deixou 121 mortos no dia 28 de outubro.
Fontes ligadas à Segurança Pública confirmaram que as investigações já alcançam políticos e empresários suspeitos de financiar ou manter vínculos indiretos com o crime organizado. A apuração integra o relatório entregue pelo governador Cláudio Castro (PL) ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que acompanha o caso no âmbito da ADPF 635, a “ADPF das Favelas”.
💰 Foco no dinheiro e não apenas nos chefes
De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos, o foco da nova etapa será o combate ao fluxo financeiro das facções.
“O foco agora é o negócio. Se metade dos 280 mil moradores de uma comunidade paga R$100 de internet, são R$14 milhões mensais. A questão é: quanto de droga precisa vender para faturar isso? Precisamos rastrear os dados financeiros, não apenas prender criminosos”, disse o secretário à Folha.
O governo já solicitou o bloqueio de cerca de R$ 6 bilhões em bens e valores atribuídos a integrantes e empresas ligadas ao CV.
⚖️ Reocupação de favelas e impasse com o STF
Por determinação do Supremo, o governo fluminense deve apresentar até 20 de dezembro um plano de reocupação territorial de comunidades. A proposta será encaminhada ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e ao STF para homologação.
O projeto-piloto deve começar na zona sudoeste da capital, em áreas como Jacarepaguá, Vargens, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes — regiões apontadas pela polícia como novos territórios de expansão do Comando Vermelho, após a perda de áreas tradicionalmente dominadas por milícias.
Apesar disso, o secretário Victor Santos rejeita o termo “ocupação”, defendendo uma retomada gradual com ênfase em inteligência e presença territorial estratégica, e não em policiamento permanente.
“Nenhum estado tem contingente para ocupar 1.900 favelas. Se dividirmos o efetivo, teríamos sete policiais por comunidade. É inviável. A solução é retomada, não ocupação”, explicou.
O governo busca ainda fontes alternativas de financiamento, já que o Fundo Nacional de Segurança Pública disponibiliza apenas R$ 50 milhões anuais ao Rio — valor que, segundo Santos, cobre apenas três meses de combustível da PM.
🧩 Envolvimento político e prisões recentes
Entre os investigados está Tiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, ex-deputado estadual (MDB), preso em setembro sob suspeita de usar o mandato para favorecer o CV e intermediar negociações de drogas, fuzis e equipamentos antidrones. A defesa alega “perseguição política”.
Outro caso é o do cabo da PM Alexandre Marques dos Santos Souza, acusado de atuar como segurança de lideranças do tráfico, que teve a prisão preventiva substituída por medidas cautelares pelo TRF-2, por falta de provas.
📊 Repercussão política e opinião pública
As mortes na operação dividiram o país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a ação como “matança” e “desastrosa”.
“Do ponto de vista da quantidade de mortes, podem considerar que foi um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação do Estado, foi desastrosa”, declarou.
A fala gerou reação no Congresso. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), respondeu nas redes:
“Finalmente Lula saiu do armário. Que ele investigue com a PF dele a ‘matança’ no RJ, mas não falou dos quatro policiais mortos na operação.”
Mesmo assim, pesquisa Datafolha mostra que 57% dos moradores da capital e da Grande Rio consideram a operação bem-sucedida, contra 39% que a reprovam.
🧱 Próximos passos
O governo estadual pretende entregar o plano de retomada até o fim do ano e, em 2026, implementar ações integradas de segurança, inteligência e urbanização. A meta é reduzir a presença armada de facções e milícias, rastrear recursos ilegais e reconstruir a presença do Estado nas favelas.
Enquanto isso, o debate sobre o papel do governo federal e o limite do uso da força policial promete continuar no centro do embate entre Brasília e o Palácio Guanabara.
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