Um caso chocante ocorrido em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde uma mulher de 27 anos foi agredida pelo marido após descobrir mensagens comprometedoras, reflete a realidade alarmante enfrentada por muitas mulheres em Minas Gerais. O incidente, que foi gravado e divulgado na internet, mostra a gravidade e frequência da violência doméstica no estado.
A vítima relatou à Polícia Militar que as agressões começaram quando mencionou ao marido sua intenção de se separar após descobrir mensagens do homem com uma prostituta. O agressor a impediu de sair de casa e a arrastou pelos cabelos para dentro do portão, enquanto ela clamava por ajuda.
Esse caso não é isolado. Nos dois primeiros meses de 2024, Minas Gerais registrou uma média alarmante de 411 casos diários de violência doméstica e familiar contra mulheres, totalizando 24.676 ocorrências, segundo relatório da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Nos últimos três anos, os casos ultrapassaram 20 mil no mesmo período.
Após agressões como essa, as vítimas são orientadas a buscar medidas protetivas contra os agressores. Somente na delegacia de Uberlândia, foram registradas 42 solicitações de medidas protetivas em 10 dias, com uma média de 6 a 7 casos de violência por dia.
Patrícia Habkouk, promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (CAOVD) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), alerta que casos de agressão muitas vezes evoluem para violência física mais grave.
Os números alarmantes incluem também casos de feminicídio, com 58 registros neste ano em Minas Gerais. Essa situação motivou a criação do Centro Estadual de Apoio às Vítimas, conhecido como Casa Lilian, que oferecerá atendimento psicossocial para vítimas de crimes violentos, visando tornar o processo de Justiça menos traumático para as vítimas.
