A derrota de Guilherme Boulos (PSOL) para Ricardo Nunes (MDB) na eleição para a Prefeitura de São Paulo representa uma perda significativa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e complica a preparação de sua base política para a eleição presidencial de 2026. Lula, que havia estabelecido uma aliança estratégica com Boulos e o PSOL em 2022, investiu fortemente na candidatura do aliado: o PT foi responsável por 54% dos recursos arrecadados por Boulos, cerca de R$ 44,1 milhões. Além disso, o presidente esteve diretamente envolvido na campanha, em uma tentativa de ampliar a influência progressista em São Paulo.
A derrota foi agravada pelo desempenho de Nunes nas regiões periféricas de São Paulo, onde Lula tradicionalmente encontra forte apoio. O apoio explícito de Jair Bolsonaro (PL) a Nunes reforçou a polarização entre os blocos ideológicos, embora Bolsonaro esteja inelegível até 2030. Com a vitória de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi um ativo cabo eleitoral do prefeito, emerge como um nome forte para 2026 e um possível oponente de Lula.
Internamente, o PT também enfrenta repercussões. Setores da legenda, incluindo o vice-presidente Washington Quaquá e o deputado Jilmar Tatto, criticaram o apoio a Boulos e sugerem que o PT deveria ter lançado um candidato próprio. Esta posição ressalta a crescente tensão entre diferentes facções no partido sobre o futuro da aliança com o PSOL e a viabilidade de Lula em 2026.
Controlar a Prefeitura de São Paulo teria sido um trunfo importante para Lula, permitindo-lhe coordenar políticas federais em um dos maiores colégios eleitorais do país e com um dos orçamentos mais robustos. A vitória de Nunes, no entanto, reforça a oposição e limita a capacidade de articulação do governo Lula na cidade mais populosa do Brasil, um contrapeso significativo em sua estratégia para 2026.
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